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Nos próximos dias, é possível que o noticiário econômico dê alguma ênfase à avaliação de risco do Brasil. Isso porque uma equipe da agência de classificação Standard & Poor’s (conhecida como S&P) enviou uma equipe para o país, a fim de avaliar o ambiente econômico.

Em junho do ano passado, a mesma agência colocou em seus relatórios o risco do Brasil em uma perspectiva negativa. Isso significa que ela está considerando rebaixar a classificação do país – ou seja: considera que a chance de o Brasil deixar de honrar seus compromissos com credores internacionais aumentou. Segundo os especialistas dessa agência, isso ocorre porque o país está demonstrando falta de controle nos gastos do governo. Não quer dizer que ele daria calote agora, mas é um alerta para o futuro. A S&P avalia o risco de longo prazo, para investidores que compram títulos brasileiros com vencimento daqui a 30 anos – esses sempre precisam considerar as consequências de uma má gestão financeira prolongada.

A possibilidade de um rebaixamento tende a ter reflexos intensos sobre os investimentos. Esses reflexos, de fato, já vieram. Durante uns cinco anos, o Brasil foi o queridinho do mercado internacional, que se admirava de seu crescimento econômico em um cenário de crise global. Foi só o Brasil patinar um pouco para esse encanto tornar-se opaco. Menos de três meses depois de a S&P colocar as contas brasileiras em perspectiva negativa, a revista britânica The Economist publicou uma reportagem como o título "O Brasil estragou tudo?" – talvez até o leitor lembre dessa história.

Há um ditado entre economistas que fala que "o mercado sobe no boato e realiza no fato". Quer dizer: quando as informações ainda estão no campo das possibilidades, forma-se uma tendência de alta ou baixa no preço dos ativos financeiros. Quando o evento esperado finalmente ocorre, as cotações seguem inalteradas ou até caem. As novidades "já estavam no preço", como se diz por aí.

Mesmo que o Brasil seja rebaixado de sua atual classificação BBB, continuará em grau de investimento. Mas, convenhamos: é sempre melhor estar em alta que em baixa.

Que risco é esse?

Imagine que você trabalha em uma loja, e sua tarefa é receber os documentos dos clientes interessados em fazer compras a prazo. Você reúne toda a papelada, faz consultas no Serasa e no SPC, telefona para as pessoas indicadas como referência. No fim, precisa fazer um relatório para o chefe dizendo qual é a possibilidade de o possível consumidor deixar de pagar as parcelas. É mais ou menos isso que as agências de classificação de risco fazem. Só que elas não tratam de pessoas físicas, mas de grandes empresas e governos.

Recentemente, elas foram muito criticadas por não perceberem os riscos de calote no sistema de hipotecas dos Estados Unidos. Obviamente, não são à prova de falhas. E servem aos interesses do mercado. Olho nelas!

A política importa

Qualquer que seja a decisão da S&P, ela não deve vir imediatamente – no ano passado, analistas da própria companhia disseram que ela poderia esperar pelos resultados da eleição deste ano. Faz sentido: as decisões tomadas pelo governo eleito podem mudar radicalmente o cenário.

E aí?

Quer comentar? Mandar uma dúvida? Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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