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Voltando a assuntos abordados pela coluna há algumas semanas, o leitor Jessé pergunta se é necessário dar entrada para participar do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida". Seguem algumas informações, que tentam responder a dúvida do Jessé e mais algumas, que o leitor talvez tenha.

• O "Minha Casa, Minha Vida" financia imóveis novos, na planta. Nada de casas ou apartamentos usados. Quem entrar no programa agora só vai ter casa, na melhor das hipóteses, em meados do ano que vem.

• Trata-se, na verdade, de um programa com duas partes. Uma delas atende famílias com renda mensal total inferior a R$ 1.395. Essa é a faixa da habitação popular. Nesse caso, o financiamento é sem entrada, com parcela limitada a 10% da renda. Não há verificação de risco de crédito – ou seja, mesmo quem tem nome sujo pode aderir. No Paraná, o valor máximo do imóvel para essa faixa é de R$ 41 mil para casas e R$ 45 mil para apartamentos.

• A segunda parte do programa atende famílias com renda de até R$ 4.900 por mês, com juros bem baixinhos: de 5% ao ano a 8,16% ao ano (mais a TR). O prazo é de até 30 anos e o valor máximo do imóvel é de R$ 130 mil. Nesse caso, a entrada depende do empreendimento e das condições do comprador.

• As famílias com renda de até R$2.790 serão beneficiadas com subsídio nos financiamentos. Quem ganha de R$2.790,00 até R$4.900,00 terá redução dos custos de seguro e acesso ao Fundo Garantidor da Habitação, que refinancia parte das prestações caso o mutuário fique desempregado.

11,75%

Trecho de boletim de análise do Banco Schahin, assinado seu economista-chefe, Silvio Campos Neto. "Os dados de atividade seguem fortes (emprego, crédito), enquanto a inflação está resistindo nos patamares acima dos desejáveis, combinação que irá gerar novos ajustes nos juros daqui em diante – projetamos aumento total de 300 pb no ciclo atual de aperto."

300 pb significa 300 pontos-base, um jargão do mercado. Cada ponto-base pode ser traduzido por 0,1 ponto porcentual. Ou seja: a instituição prevê que o ciclo de alta deve somar 3 pontos porcentuais, contando já o aumento de 0,75 ponto implementado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana passada. O que Campos Neto está dizendo, portanto, é que a perspectiva de inflação continua alta demais, e o BC – na previsão dele – fará os juros subirem até 11,75% ao ano. Depois disso, a tendência é cair.

Sobre juros

O leitor João, comerciante, escreve para reclamar dos juros. E por dois pontos de vista. Como usuário de banco e de cartão de crédito, ele conta que teve de usar o limite em fevereiro e diz que os porcentuais cobrados estão além do razoável. "Meu grande banco internacional me cobrou ‘somente’ 17% ao mês", diz.

Como empresário, ele comenta que obter crédito para capital de giro é relativamente fácil, mas que conseguir um empréstimo para bancar um investimento não é nada simples. "Não existe nada prático, do tipo: tomo dinheiro e pago a primeira parcela com carência de 6 ou 12 meses, tempo em que o investimento se tornaria lucrativo", afirma. Segundo ele, só o BNDES faz isso, mas a burocracia é grande demais e os recursos, pequenos. Conclusão dele: "Nós, pequenas e médias empresas, é que empregamos 70% da mão de obra do país e não temos absolutamente nenhum incentivo para investir".

A verdade é que o crédito pode ser veneno ou remédio para uma economia. No Brasil, o remédio está em falta e o veneno você encontra em qualquer esquina.

Enquanto isso, em Portugal...

O jornal português Expresso publicou na semana passada uma reportagem intitulada "Fundos para ‘sambar’ o crescimento económico do Brasil" – assim mesmo, com "ó" no econômico, como se costuma escrever por lá. A matéria destacava a rentabilidade de fundos de bancos locais que investem em ativos brasileiros, incluindo títulos públicos e ações de empresas como Bradesco, Itaú, Petrobras e Vale. Nossos amigos d’além mar, que andam sofrendo com problemas financeiros de seu próprio governo, espantam-se com a possibilidade de ganhar 30%, 40% ao ano investindo no mercado brasileiro.

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