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Em janeiro, presenciei turistas argentinos trocando dólares para fazer compras em um supermercado em Bombinhas (SC). A operação, simples, tinha dois problemas: era ilegal – a empresa que pratica câmbio precisa ter registro no Banco Central e cumprir uma série de formalidades que não estavam sendo seguidas naquela troca – e a cotação estava quase 20 centavos acima do que o restante do mercado praticava naquele dia. Não dá para dizer, entretanto, que alguém tenha saído prejudicado, porque ambos eram movidos pela necessidade. O estrangeiro precisava comprar comida, o comerciante precisava vender. E a casa de câmbio mais próxima estava em Balneário Camboriú, a 35 quilômetros de distância. Mas não há dúvida de que o argentino poderia ter feito negócio melhor.

Agora inverta a situação: e se fosse você no lugar dele? Pois é, muitos brasileiros estão passando por situação semelhante em suas viagens.

Nunca antes na história deste país – como diria o ex-presidente Lula – os brasileiros viajaram tanto para o exterior. O aumento na renda, aliado ao câmbio valorizado, fez com que o número de viagens crescesse 20% só no ano passado, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Boa parte desses passageiros pode estar perdendo dinheiro em seus passeios.

Exemplo bem corriqueiro e baratinho, registrado por uma passageira que viajou entre o Brasil e os Estados Unidos pela US Airways, no mês passado: um fone de ouvido para ouvir o áudio do filme de bordo custava US$ 5 ou R$ 10. Pela cotação da companhia aérea, portanto, um dólar valia R$ 2. Pelo câmbio corrente naqueles dias, a relação era de R$ 1,70 por dólar. O arredondamento feito pela empresa aumentou o preço em R$ 1,50. A empresa tem sua razão: é meio impossível para os comissários andar com um estoque de moedinhas para cada país onde a companhia opera, por isso o câmbio é arredondado.

Se o leitor vai viajar, lembre-se de uma regra importante: a moeda local é sempre a melhor moeda. Sim, é verdade que muitos lugares aceitam dinheiro estrangeiro, principalmente dólares, mas sempre tiram uma casquinha na cotação. Novamente, não há (apenas) malandragem nisso, mas uma lógica econômica. Quem aceita mais de uma moeda está, na verdade, oferecendo um serviço adicional ao seu cliente – e está cobrando por isso. Mais um exemplo: a loja do Museu do Vaticano tem preços em euro e em dólar para as lembranças que vende (quebra-cabeças com a pintura de Michelangelo no teto da Capela Sistina, por exemplo). Como você pode imaginar, em dólar elas custam bem mais caro.

Quem vai para a Europa pode sair do Brasil com euros, sem problemas. Quem vai para outros lugares deve levar consigo dólares, para trocar em bancos ou casas de câmbio. Não adianta só levar o cartão de crédito ou débito (que, se ligado a redes internacionais, funciona em qualquer lugar do mundo), caso contrário o turista pode correr o risco de ser enviado de volta para o Brasil – a maioria dos países exige do viajante a posse de uma certa quantidade de dinheiro vivo, para comprovar que ele tem como pagar suas despesas. E também é bom não esquecer que as operações com cartão são taxadas com Imposto sobre Operações de Crédito (IOF) de 2,38%. Os saques lá fora estão também sujeitos a tarifas cobradas pelo uso dos caixas automáticos.

Há ainda os traveller checks, que andam meio fora de moda com a popularidade dos cartões de crédito. Sua vantagem é a de só serem descontados com a assinatura do emissor. A desvantagem é a de, quase sempre, ter de pagar comissões adicionais para as casas de câmbio.

Milhas adiante

Por falar em turismo, há um banco que está tentando atrair clientes com passagens aéreas. O sujeito recebe uma correspondência que lembra aquelas plaquinhas com nomes, que se costuma usar para receber pessoas no aeroporto. Dentro tem a proposta: ao aderir ao cartão do banco, o cliente ganha 10 mil pontos que podem ser trocados por milhas de determinada companhia aérea. E 10 mil milhas equivalem a uma passagem (ida ou volta) dentro da América do Sul. O banco está, portanto, subsidiando o novo cliente em algo como R$ 350 ou R$ 400, preço médio de um trecho aéreo de Curitiba para algumas das principais capitais do Mercosul.

O negócio parece interessante. Mas fico imaginando quanto eles esperam obter de lucro por cliente para fazer um investimento como esse.

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