Soja abaixo de US$ 9 por bushel (27,2 quilos) em Chicago e acima de R$ 70 por saca no Paraná. Enquanto o mercado internacional experimenta baixas expressivas nas cotações, o câmbio segura as pontas e garante rentabilidade ao agronegócio brasileiro. Com o dólar valendo mais de R$ 3,80, o produto nacional fica mais competitivo, remunera melhor o produtor e estimula as exportações. De acordo com o monitoramento feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), a oleaginosa fechou a sexta-feira com máxima de R$ 77/saca na praça de Ponta Grossa, a mais próxima ao Porto de Paranaguá, média de R$ 67,14 e mínima de R$ 65.
No câmbio de um ano atrás, de R$ 2,45, o contrato de novembro/2015, que encerrou a sexta-feira na Bolsa de Chicago a US$ 8,65/bushel, seria o equivalente a R$ 46/saca. A relação mostra a importância do câmbio, neste momento, à agricultura do país. O cenário potencializou os embarques do grão pelos portos brasileiros. Em oito meses o país já exportou mais soja do que em todo o ano passado. De janeiro a agosto, foram exportadas 45,85 milhões de toneladas de soja em grão.
Os números do Secex, a Secretaria do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), mostram que somente no mês passado 5,16 milhões de toneladas da deixaram o país. O desempenho do mês é 3,3 milhões de toneladas, ou quase 40%, abaixo do resultado de julho, e praticamente a metade do recorde de 9,81 milhões de toneladas em junho. Ainda assim, no acumulado, nunca se exportou tanta soja pelo Brasil no período.
Todo esse movimento no comércio internacional se reflete em Paranaguá. A forte exportação de milho safrinha – o Brasil deve embarcar mais de 25 milhões de toneladas – e de soja devem ampliar o fluxo de embarque e embarcações no Porto de Paranaguá. Entre agosto e outubro, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) prevê uma movimentação 71% superior à de igual período de 2014, com 5,48 milhões de toneladas de grãos no Corredor de Exportação. A estimativa é que mais de 80 navios graneleiros atraquem no terminal.
Na esteira da soja, o frango segue firme e avante nas exportações. De janeiro a agosto foram embarcadas 2,8 milhões de toneladas, desempenho 5,5% superior ao do mesmo período do ano passado no Brasil. Apesar do incremento nas vendas em volume, em dólar há um recuo de 7,7% no faturamento, para US$ 4,85 bilhões. No entanto, assim como na soja, a proteína animal também é beneficiada pelo câmbio. Em reais, a receita aumentou 25,3%, para R$ 15 bilhões. As exportações aquecidas promoveram um ajuste de oferta no mercado interno, com impacto positivo nos preços de alguns cortes.
O Brasil é o maior exportador mundial de frango. E o Paraná é o maior estado exportador de frango do país.
História e legado
Um homem, uma história, um legado. O nome dele é Manoel Henrique Pereira, mais conhecido por Nonô. Ou então, um dos pioneiros do plantio direto na palha, o que faz dele um homem que revolucionou a agricultura brasileira. Antes mesmo de a palavra sustentabilidade ser pontuada no discurso ambientalista, ideológico ou simplesmente de conveniência, isso há 40 anos, Nonô Pereira já havia integrado esse conceito ao seu dia a dia, à rotina de sua propriedade e à sua maneira de fazer agricultura. Defendeu, difundiu e fez disso um modo de vida. Hoje, aos 76 anos, mesmo com a saúde debilitada, não se cansa de repetir a importância do sistema que nas últimas décadas ajudou a promover e a aprimorar. Um modelo que, segundo ele, é condição ao futuro da agricultura e à “saúde da terra”.
Na sexta-feira Nonô Pereira foi homenageado por alunos, professores e dirigentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Ele recebeu a medalha de Mérito Universitário por sua contribuição como precursor de um novo modelo, de um novo sistema produtivo – há quem defenda o plantio direto como uma nova tecnologia – à comunidade acadêmica. Nonô foi o grande responsável pela inclusão da disciplina de Plantio Direto no curso de Agronomia da UEPG.
Uma homenagem e um reconhecimento emocionado, que relembrou a história de Nonô e do plantio direto, que se confundem e se complementam, no campo e na universidade. Mas que também falou do futuro, da necessidade de que o sistema continue sendo aperfeiçoado para o melhor uso do solo e a conservação dos recursos naturais como condição ao abastecimento e à segurança alimentar. Essencial à produção de alimentos, como disse o homenageado.



