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Mais do que indícios de adulteração de produtos, a Operação Carne Fraca, deflagrada há dez dias pela Polícia Federal revelou desvios que vão além do financeiro. Apontou desvios de caráter, de homens fracos que fazem uma política ainda mais fraca. E que, por consequência, fragilizam o Estado e enfraquecem o país, econômica e politicamente falando, com efeitos colaterais perversos sobre toda a sociedade.

Um esquema fraudulento, que envolve propina, enriquecimento ilícito e financiamento de campanhas políticas comandado por aqueles que, mais que do ninguém, deveriam ser os guardiões da lei. De políticos, agentes públicos e privados, quis o destino, ou o presidente da República, como que por ironia, que um dos suspeitos se tornasse o ministro da Justiça. O que também não é por acaso. É foro. E foro privilegiado.

A questão é sim de segurança alimentar. Tem a ver com saúde e sanidade, da população e da carne. A população nacional e internacional, a considerar que o Brasil é o maior exportador de carne bovina e frango e de quebra o quarto maior exportador de suíno. O tema, portanto, requer atenção especial e deve ser amplamente debatido e fiscalizado, tanto pelo ponto de vista sanitário como econômico da discussão.

A Polícia Federal recebe críticas pela falta de critério e competência para tratar de questões técnico-sanitárias. O que é fato e deve ser levado em conta. Desde que não comprometa a amplitude e outro objetivo maior da operação, tão importante e igualmente grave quanto a manipulação de carne imprópria para consumo, está no combate à corrupção.

O fato é que existe sanidade, controle e qualidade. O Brasil tem um dos processos sanitários mais rígidos do mundo. Não fosse assim, não estaríamos no topo do ranking mundial como fornecedor e exportando proteína animal para mais de 150 países em todos os continentes. A nossa carne, portanto, é forte. Outra coisa que precisa ser dita, é que a fiscalização, não apenas do abate, mas de toda a cadeia produtiva, também é feita por agentes externos, que representam o comprador, o país consumidor.

O nosso pecado, de novo, está no fogo amigo, nos homens de má-fé. Para fraudar, burlar, tirar e conceder benefícios ilícitos de um sistema tão protegido e teoricamente tão controlado, não há outro jeito que não seja estar dentro dele, fazer parte dele. É o que mostra a Operação Carne Fraca. A começar pelo aparelhamento político de órgãos e estruturas técnicas como o Ministério da Agricultura (Mapa), no caso, da superintendência no Paraná – realidade que não deve ser diferente em outros estados.

Difícil de acreditar, mas aqui no estado, pelo menos desde 2007, quem comanda a fiscalização, emite registros e certificados que atestam sanidade e qualidade é o PMDB. Isso mesmo. Em teoria sim, mas na prática não são os técnicos, com reconhecida e atestada competência para isso. Mas um partido político. É o loteamento político, de um esquema político, com estrago econômico e devastador na imagem de um mercado de carnes que levou pelo menos trinta anos para ser construído.

E a culpa agora é do morto. Mais uma vez, homens fracos e sem caráter. Jogar a culpa no morto, no caso o ex-deputado federal Moacir Micheletto, que faleceu em 2012, vítima de um acidente de carro. Teria sido dele a indicação de Daniel Gonçalves, apontado como o líder do esquema, para o comando da superintendência do Mapa no Paraná. Mas e depois, quem manteve, porque manteve e porque pressionou pela manutenção de Daniel no comando do órgão? É! A carne realmente é fraca.

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