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Expedição Safra

Uma nova equipe da Expedição Safra Gazeta do Povo cai na estrada. Enquanto um grupo segue do Mato Grosso para o Mato Grosso do Sul, em paralelo outro time de técnicos e jornalistas começa a cumprir a rota Paraná e São Paulo pela Região dos Campos Gerais, a partir de amanhã. Com clima favorável, a sondagem deve confirmar uma safra paranaense de soja próxima de 17 milhões de toneladas e milho de verão com sete milhões de toneladas. Em sua oitava temporada na estrada, o levantamento técnico-jornalístico do Agronegócio Gazeta do Povo vai percorrer 14 estados brasileiros, as regiões produtoras da Argentina, Paraguai e Uruguai, além de quatro países da África.

Com a reforma ministerial em pleno andamento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve trocar de comando em um momento bastante intenso e delicado do setor. A temporada 2013/14 ainda está em curso, mas já é hora de discutir as propostas ao Plano Agrícola e Pecuário 2014/15 e mais do que na hora de anunciar a política agrícola que será adotada para o trigo, cereal que ganhou preço, mas perdeu área e ampliou a dependência interna do produto importado. As especulações até que flertam com nomes de competência mais técnica do que política, com maior identificação no ambiente produtivo. As apostas consideram, por exemplo, o presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), Rui Prado. A tendência mais forte, porém, e que também prevalece em Brasília, é a do loteamento partidário.

De qualquer forma, é certo que haverá mudança. Antônio Andrade deve dar lugar a um novo. O que não significa um novo partido. Ao contrário, o PMDB, partido do atual ministro, faz pressão para ampliar o número de ministérios sob a batuta da sua sigla. Embora não pareça estar muito preocupado com a Agricultura. Em ano de eleição, a estratégia talvez seja ocupar ministérios com mais relevância na relação com a massa da população, como a pasta de Integração Nacional, que o PT resiste em entregar ao PMDB. O deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), que também vinha cotado para o Mapa, está agora mais próximo da Secretaria dos Portos, que não deixa de ter relação direta com o agronegócio e que ganha status de área estratégica dentro do governo, com visibilidade crescente em 2014 a partir da proposta de modernização dos terminais portuários em todo o país.

A substituição no Mapa também chega numa época bastante singular na relação do agronegócio brasileiro com o mercado internacional. Com safras cheias em praticamente todos os países fornecedores de commodities agrícolas, o mundo vive um momento de recomposição dos estoques, em um cenário em que oferta supera demanda, reacomoda as cotações e impacta em rentabilidade. Não será, de maneira nenhuma, um ano ruim em termos de preços. Mas com certeza não veremos picos, por exemplo, de soja a R$ 80/saca ou milho acima de R$ 30/saca. Pode ser, inclusive, que o Brasil precise rever sua taxa de crescimento em produção, que nos últimos cinco anos experimentou variação média acima de 10 milhões de toneladas/ano. Vamos continuar a crescer. Porém, de uma maneira mais sustentável, olhando capacidade logística de armazenagem e escoamento, mas principalmente mercado.

Então, será que é a hora de mexer na Agricultura? O setor produtivo acha que sim, que a mudança já demorou a ocorrer. Eu também acredito que sim. A preocupação é com o processo de transição, que chega num momento onde as decisões precisam ser rápidas e eficientes, de forma a não comprometer o planejamento e o desempenho do campo. Por mais técnicas que possam parecer, estamos falando de encaminhamentos que podem, sim, com muita segurança, serem conduzidos pelas áreas competentes no ministério. Mas mudança no comando, por mais esperada e necessária que possa ser, num primeiro momento sempre vai deixar tudo mais devagar até que se estabeleçam os novos interlocutores. No caso do Mapa, tudo é ainda mais devagar.

Enquanto isso, longe dos gabinetes, a colheita de mais uma safra histórica segue de maneira intensa, de Norte a Sul do país. Uma safra com potencial para superar as 200 milhões de toneladas, exatamente o dobro do volume colhido há 13 anos, crescimento que expressa o potencial de um gigante adormecido. De um Brasil que tem sede por produzir, mas que ainda precisa ser sustentável, a começar por ter na Agricultura um ministro, não um partido ou então um político. Mas que não perde as esperanças. Com ou sem ministro, com ou sem infraestrutura, o fato é que o mundo precisa do Brasil. Assim como o Brasil precisa do mundo, porque mais do que negócio, agronegócio por aqui é vocação. Muito embora o governo ainda não tenha se dado conta disso. Pelo menos não quando tira autonomia, reduz recursos e pessoal de uma das pastas mais estratégicas ao país. Ou então quando usa a pasta da Agricultura para o jogo político partidário que atende legendas e não o setor.

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