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O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga hoje pela manhã o relatório de oferta e demanda mundial. O documento ainda não traz a projeção da nova safra norte-americana, que começa a ser plantada em abril. O primeiro quadro completo de oferta e demanda para a temporada 2014/15 sai só em maio. A expectativa do relatório de março, porém, não está nos números que expressam o potencial de produção de grãos, fibras e cereais dos EUA no próximo ciclo. Até porque eles devem seguir em linha com a prévia, divulgada dia 21 de fevereiro, durante o Agricultural Outlook Forum, evento patrocinado pelo governo local. Apreensão maior está na projeção que o USDA vai trazer para a América do Sul, em especial ao Brasil.

Os números não são conclusivos, mas contribuem para a definição da safra brasileira. Ou melhor, do tamanho da quebra na produção nacional de soja e milho, até agora uma incógnita e fruto de muita especulação. Eu diria até que os dados do USDA são bastante questionáveis, carregados de especulação e interesses políticos e econômicos que não definem a nossa safra, mas a sua própria safra. Não apenas da aposta em área e produção, mas em direcionamento de preço, mercado e liquidez, como o relatório mesmo diz, de oferta e demanda. De qualquer forma, um relatório que estabelece uma importante referência à safra mundial.

O desafio por aqui é quantificar a produção nacional sem desprezar o USDA e, ao mesmo tempo, considerar o mercado interno, altamente influenciado por fundamentos. Uma realidade e peculiaridade que descolam o Brasil de Chicago (Bolsa de Chicago), principalmente quando o assunto é preço e mercado. De qualquer forma, ao menos aos olhos internacionais, o relatório do USDA deve redimensionar a temporada brasileira e sul-americana e, como consequência, definir o rumo das cotações. De uma safra que, ao que parece, já está precificada, de um ambiente e um momento que sugerem tendências mais de estabilidade e ligeiras altas do que de recuo nas cotações.

Três fatores contribuem sobremaneira para definição desse cenário, não somente na América do Sul como no agronegócio globalizado. A intenção de plantio da próxima safra dos EUA, o tamanho da quebra climática no Brasil e a crise no Leste Europeu. Os Estados Unidos por serem os maiores produtores mundiais. Brasil, Argentina e Paraguai por integrarem o bloco maior produtor e exportador de soja. E o Leste Europeu pela instabilidade na região da Rússia e Ucrânia, importantes produtores de trigo e cereais de inverno, com volume suficiente para influenciar mercado e preço de commodities agrícolas no mundo.

Safra nacional

• A Expedição Safra Gazeta do Povo desembarca hoje na Argentina, roteiro que na próxima semana segue pelo Paraguai. A incursão deste ano nos vizinhos produtores assume relevância particular na avaliação da safra regional. Um pequeno recuo previsto no potencial produtivo da soja e milho dos argentinos deve apertar ainda mais a oferta de grãos sul-americana. A consequência imediata está nos preços, que seguem sustentados, com destaque à soja, que na semana passada deixou o campo entre US$ 12 e US$ 13/bushel para superar os US$14/bushel em Chicago. Na sexta-feira, no mercado paranaense a soja atingiu máxima de R$ 70/saca e o milho R$ 29/saca de 60 quilos.

• A projeção revisada da Expedição Safra para a produção de soja é de 87,61 milhões de toneladas. Apesar do recuso no potencial do ciclo 2013/14, inicialmente estimado em 91,05 milhões de toneladas, um crescimento de 7% sobre o resultado da temporada anterior. Ou seja, uma boa safra. O milho de verão vai a 34,50 milhões de toneladas, 4% menor que o ano passado. O impacto na produção do cereal de verão é mais ameno. A projeção inicial era de 34,84 milhões de toneladas, que considerava um recuo de 3,08%.

• O relatório do USDA e outros detalhes sobre os ajustes na safra brasileira podem ser acessados no portal agrogp.com.br.

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