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Notas

Milho para a China

Responsável por 40% dos embarques das mais de 40 milhões de toneladas de soja que o Brasil manda para o exterior, a China agora abre espaço para o milho brasileiro. Demorou, mas os dois países conseguiram definir os termos do acordo fitossanitário que permite a aquisição do cereal brasileiro. As negociações via adido agrícola do Ministério da Agricultura do Brasil em Pequim já duram anos. O maior parceiro da China no milho são os Estados Unidos. Segundo maior produtor do cereal depois dos norte-americanos, os chineses produzem perto de 215 milhões de toneladas, volume que começa a ficar apertado para atender a demanda interna. Em 2014 os chineses devem buscar no mercado internacional em torno de 7 milhões de toneladas de milho.

Soja na balança

A soja sustentou, mais uma vez, um maior superávit da balança comercial do agronegócio. Em março os embarques totais do setor somaram US$ 7,97 bilhões, aumento de 3,7% em relação a igual período do ano passado. Com importações de US$ 1,42 bilhão, o saldo no mês foi de US$ 6,55 bilhões. Com US$ 3,62 bilhões embarcados, o complexo soja (grão, farelo e óleo) respondeu por quase metade das exportações do período. O desempenho maior foi da soja em grão, crescimento de 64,8%, para US$ 3,15 bilhões.

Os tempos realmente mudaram. E o PT também. Desde que assumiu o governo federal, o partido vive em constante transformação, de discurso, posições e principalmente relações. Tudo em nome da governabilidade, da reeleição e do projeto de se perpetuar no poder. Uma conveniência que, de certa forma, contamina o outro lado. Lá se vão 12 anos e três mandatos onde muita gente também mudou de opinião. Exemplo clássico, embora não se possa generalizar, são os produtores rurais, segmento para o qual o PT nunca seria ou poderia ser um aliado. Mas isso mudou. Como que por ironia, necessidade ou opção, atualmente o comando do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está nas mãos de quem? Isso mesmo, de agricultor.

Mais do que isso, está sob a batuta de agricultor de Mato Grosso, o maior produtor de grãos do país. Uma região que, em que pese sua vocação e característica latifundiária, há dez anos nem sequer era considerada, qualquer que fosse a aproximação com o PT. Diferenças políticas e ideológicas naturais do processo democrático, que se perpetuam pela sua essência, mas que aos poucos abrem espaço para o diálogo. Que o diga Neri Geller, que nesta semana completa um mês no comando do Ministério da Agricultura. A maior similaridade não com o PT, mas com a atual composição de sustentação política do governo, talvez seja o seu partido, o PMDB. E para reforçar a imagem menos política e mais ruralista da pasta, ou pelo menos de sua gestão, ele acaba de chamar outro nome do seu estado para o segundo cargo mais importante do primeiro escalão do Mapa.

Na semana passada foi publicada a nomeação de Seneri Paludo, ex-diretor Executivo da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato) que assume como o mais novo titular da Secretaria de Política Agrícola (SPA). Homem de confiança do ministro, pela antiga relação que mantinham na entidade de representação, Paludo chega com credibilidade e competência técnica inquestionável. Mas com relações políticas desconhecidas e pouco ou quase nenhuma experiência de Brasília, fato que preocupa. Até porque ele também não terá muito tempo para mostrar serviço. A princípio, não apenas Seneri como Geller terão pouco mais de dez meses de mandato, desafio que tende aumentar pelo ano atípico que será 2014, com a Copa Mundo e as eleições.

Contudo, os mato-grossenses são bem-vindos. Depois de pelo menos quatro anos com forte viés político, pouco técnico, o Mapa experimenta um visão mais técnica, do lado de dentro da porteira, de quem vive o dia a dia do agronegócio. Eles só não podem esquecer que o lado de dentro da porteira não se resume a Mato Grosso. A produção e a importância econômica da agricultura e pecuária nunca estiveram tão distribuídas entre as diversas regiões do Brasil. O setor, inclusive Mato Grosso, vinha reivindicando um ministro com um perfil mais técnico e de mais diálogo com a cadeia produtiva. Como também um ministro que olhasse não apenas para o seu estado ou partido, mas para o Brasil que produz.

O fato de eles serem de um estado agrícola é positivo. Mas o que vai diferenciá-los será a isonomia com que se espera que tratem não apenas o seu estado como as demais unidades da federação. Acredito muito nisso. Até porque eles são mais do que mato-grossenses. Seneri é natural de São Paulo e Geller, do Rio Grande do Sul.

E depois, essa dobradinha da titularidade entre dois cargos estratégicos é comum no ministério. Foi assim com os gaúchos Mendes Ribeiro (ministro), que teve o conterrâneo Caio Rocha na SPA, e Reinhold Stephanes, com Inácio Kroetz na Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), ambos do Paraná. O problema ou risco maior nesses casos é quando o desempenho deixa a desejar, com impacto dobrado na imagem deles e dos estados que representam. Então, isso faz parte jogo. Na prática, o que vai fazer um ministro de verdade é sua identidade com o setor e o governar para todos, pouco importa de onde ele vem.

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