
Lara Croft foi um dos maiores ícones dos videogames nos anos 90, quando explodiu a onda dos jogos com movimentação em três dimensões. A estreia em 1996 do primeiro capítulo da série Tomb Raider causou comoção nos donos PlaysStation, que pela primeira vez se deslumbravam com as curvas (poligonais ainda) de uma protagonista. Não demorou para Lara ultrapassar a barreira dos gamers e se tornar um símbolo sexual de uma geração. Até Angelina Jolie já vestiu a roupa da aventureira nos cinemas. Segundo o The Guinness Books of World Records, ela é a mais famosa personagem feminina no mundo dos games.
A fama ascendente de Lara Croft foi inversamente proporcional à qualidade dos jogos da série. Ela tornou-se, nesta geração de alta definição, apenas uma sombra da glória passada. Para não ficar totalmente irrelevante para os novos consumidores, os produtores decidiram partir do zero em Lara Croft and the Guardian of Light, jogo disponível na rede on-line do Xbox 360 (chegará com atraso à Playstation network). As mudanças foram drásticas, mas com ótimo resultado, fazendo o título se destacar entre as opções do Summer of Arcade do Xbox 360, período em que a Microsoft concentra os melhores lançamentos de sua rede Limbo, já analisado nesta coluna, é outro bom exemplo da mesma safra.
A história do jogo conta acontecimentos vivenciados há mais de dois mil anos na América Central, quando o general indígena Totec, chamado de Guardião da Luz, conquista um artefato conhecido por "Mirror of Smoke" após subjugar o demônio Xolotl. Ele decide que os três devem ficar aprisionados em um templo. Nos dias atuais, Lara acaba encontrando o objeto e liberando os dois da prisão. Xolotl consegue colocar as mãos novamente no "Mirror of Smoke" com a ajuda de um grupo mercenário. O objetivo da arqueóloga inglesa é defenestrar, mais uma vez, o vilão que quer destruir o mundo.
Tecnicamente, uma das mudanças mais visíveis é o posicionamento da câmera. Agora, o jogador não persegue mais o personagem característica dos jogos em terceira pessoa. Houve um afastamento. É como se houvesse uma câmera no céu, estilo chamado de câmera isométrica. A visão de todo o ambiente muda completamente a jogabilidade, já que torna desnecessário se preocupar com a movimentação do protagonista. Com isso, pode-se preparar para a batalha muito antes. Identificar vários objetos no cenário ao mesmo tempo e saber se há algum inimigo atrás de Lara.
Outra novidade foi criação de um modo cooperativo, que permite que duas pessoas joguem juntas para avançar de fase. Um jogador manipula a versão feminina de Indiana Jones enquanto o outro encarna o guerreiro Totec. Consequentemente, há muito mais ação durante o desenrolar da história. Já os quebra-cabeças tiveram seus níveis de dificuldades diminuídos, o que não é necessariamente um ponto negativo. A narrativa, linear, que ficou ainda mais fluída.
Guardian of Light é bem diferente de todos os jogos anteriores de Lara Croft. O resultado positivo se deve em grande parte pela reavaliação completa que a personagem recebeu: mudou jogabilidade, posicionamento de câmera, público-alvo. A produtora acertou ao reformular quase tudo e manter um pequeno detalhe, o figurino. Lara continua trajando blusa justa, shorts curtos e duas pistolas.



