
Uma menina deitada no chão. A câmera, inicialmente em close-up no olho dela, se afasta. A história é contata de trás para frente, semelhante ao filme francês Irreversível. Aos poucos, nota-se que a menina havia sido jogada de uma janela pelo o próprio pai. A ação continua em movimento contrário. Agora o pai carrega a filha nos braços, protegendo-a. Eles fogem de uma horda de zumbis. O fim é uma foto de família durante a chegada a uma ilha paradisíaca. Com este trailer, que escapa completamente dos clichês da indústria dos videogames, a produtora Deep Silver conseguiu ganhar projeção mundial e colocar Dead Island entre os jogos em produção mais comentados. O vídeo se transformou num viral. Ganhou paródias.
No começo deste mês, Dead Island chegou às prateleiras junto com a responsabilidade de mostrar algo diferente. Se não conseguiram trazer novidades, pelo menos a mistura de boas ideias, explicitamente encontradas em Fallout 3 e Left for Dead, o transformou numa experiência única e competente. A aventura se passa em uma ilha turística chamada de Banoi, localizada na costa da Papua Nova Guiné. Os protagonistas se encontram em um dos hotéis abandonados após um levante zumbi. O objetivo é encontrar sobreviventes, descobrir a origem da infestação e cair fora de lá.
À primeira vista, Dead Island parece ser apenas um jogo de tiro em primeira pessoa. E mais um com mortos-vivos. Num olhar mais aprofundado, nota-se claramente que houve muita dedicação dos produtores ao misturar elementos de RPG. Apesar de usar uma câmera em primeira pessoa, o foco do jogo não é derrubar os inimigos apenas com tiros. Há poucas variedades de armas de fogo, que podem ser calibradas para ter mais potência ou durar mais. Também é difícil de se achar armamento nos cenários, já que, afinal, o jogador está numa ilha e não num quartel general. Por isso, é bom treinar outras formas de abate, como machados ou bastões de beisebol. O mais interessante é desenvolver o protagonista e explorar os cenários.
Pode-se escolher entre quatro personagens, cada um com características próprias de combate e que podem ser desenvolvidos em três árvores de habilidades. O que torna as partidas on-line muito mais divertidas, já que será difícil encontrar companheiros com capacidades iguais no modo cooperativo. Os cenários são amplos e podem ser explorados com total liberdade. É preciso, no entanto, tomar cuidado, já que os produtores deixaram várias armadilhas escondidas por todos os cantos.
Dead Island não é um jogo imperdível, mas a mistura de elementos de RPG e de tiro somada a um cenário "sand-box" (mundo aberto interativo) o diferencia dos demais títulos lançados recentemente. O mapeamento dos corpos dos inimigos também é uma boa adição, o que torna mais interessante acertar braços e pernas antes do golpe final. Encontrar zumbis de bermuda e biquíni pode ser considerado um extra.





