Um herói para um novo milênio

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Uma armadura futurística que não deixa uma nes­­ga para expor a pe­­le, somente os dedos. O capacete possui câmeras, computadores, telas especiais e se mis­­tura ao pescoço. O traje todo é uma variação de cinza, embelezado com balas penduradas nas pernas, braços e dorso. Fora de proporção, as armas são grandes e pesadas e disparam muito mais que projéteis de chumbo. Nin­guém nunca viu o rosto do líder deste exército, mas todos sabem quem é Master Chief, um dos per­­sonagens dos games mais populares da década. Hoje não é exagero dizer que o soldado protagonista da série Halo é mais importante para a indústria dos games que Mario, o encanador bigodudo que levou a Nintendo nas costas durante anos e mostra sinais de cansaço.

Segundo números revelados pelo USA Today, jornal de maior circulação nos Estados Unidos, a série Halo vendeu desde o 2001, ano da sua estreia, mais de 27 milhões de cópias em todo o mundo. É a principal franquia do Xbox 360 e uma das responsáveis por fazer o console da Microsoft estar na frente da até então onipresente Sony em vendas. Na cur­­va de ascensão e queda de uma marca, Halo provavelmente ainda está na base da subida. Prova disso, Halo 3: ODST, último lançamento que chegou ao mercado no mês passado, conseguiu vender cerca de 2,5 milhões de unidades em menos de 30 dias. Número muito expressivo em um momento que todas as plataformas registram recuo de vendas.

A história de ODST (sigla em inglês para Tropa de Choque de Desembarque Orbital) conta os acontecimentos anteriores a Halo 3. O ano é de 2552, quando o exército alienígena inimigo Covenant mantém sob controle a cidade de Nova Mombasa. O jogador controla as ações de um voluntário da elite dos Fuzileiros Navais do Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC) chamado apenas de Novato. O objetivo é simples: se manter vivo enquanto procura companheiros sobreviventes. Mais uma vez o enredo é o conflito entre humanos e seres de outros planetas.

Erroneamente, o jogo foi re­­cebido como se fosse apenas uma expansão de Halo 3. Não é. ODST trouxe diversas melhorias e uma nova história. ODST mantém a tradicional visão dos jogos de tiro em primeira pessoa (no qual só se vê a arma). Novato de­­ve vasculhar a cidade para en­­contrar as armas de seus companheiros. Nem todos os cenários podem ser explorados num primeiro momento, devendo-se encontrar as armas dos companheiros para que as fases sejam liberadas. A duração da campanha principal é relativamente curta para este tipo de produção, com apenas seis horas. Seria injusto, no entanto, considerar a rápida história como ponto ne­­gativo, pois o tempo é muito bem aproveitado.

Além da aventura principal que pode ser jogada solitariamente, há a possibilidade de ha­­bilitar o modo de cooperação, no qual será possível contar com a ajuda simultânea de mais três jogadores em modo off-line. Uma das novidades é a opção For­­­nalha, que cria pequenos grupos de até quatro participantes para encarar equipes adversárias, no melhor estilo "death-match", também chamado de mata-mata. O modo de disputa multiplayer através da internet teve melhorias e traz um dos melhores balanceamentos entre os jogos do estilo.

O caixa com o jogo vem com dois DVDS. No primeiro se encontra ODST. Já no segundo há uma quantidade enorme de mapas (todos os 21 lançados para Halo 3 mais três novos) para as disputas on-line. Destaque para o trabalho de localização realizado pela Microsoft, que teve o capricho de traduzir para o português o manual e os menus e criar legendas para que os jogadores que não entendem inglês possam acompanhar toda a aventura.

Master Chief e os integrantes do exército UNSC atingiram o status de carro-chefe do Xbox 360. Um dos principais termômetros de popularidade, o mercado de bugigangas e afins, co­­mo brinquedos, livros de art-works, álbuns, está infestado com a imagem dos personagens. Todos os lançamentos de Halo passaram facilmente da casa das milhões de cópias vendidas. Não é à toa que o estúdio responsável pelo desenvolvimento do game, a Bungie Studios, revelou que já tem lançamentos previstos para os próximos seis anos. Um longa-metragem baseado no universo Halo também está nos planos da companhia. Fatores que podem ter levado a revista Time a classificar o herói de Halo como "novo tipo de celebridade para um novo milênio". Virou até estátua de cera no museu Ma­­dame Tussauds.