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Esses tempos eu estava preso em um congestionamento, quando comecei a pensar sobre assuntos aleatórios. A aposentadoria foi um desses assuntos. Comecei a lembrar de tantos colegas meus, e como alguns continuam trabalhando, mesmo depois de aposentados, e outros não. Lembrei também de outros tantos profissionais que atendo na minha empresa e que vêm com dúvidas sobre "o dia em que sua contribuição ao governo acabará" e eles estarão, então, aposentados.

É simplesmente engraçado como muitas pessoas não planejam, ou mesmo não gostam de pensar no dia em que não trabalharão mais, e viverão das suas contribuições ou das aplicações que fizeram durante a vida. Hoje contarei duas histórias que ilustram isso, mas lembro, antes de tudo, que não há certo nem errado. Só há o caminho que cada um acredita ser o mais importante. Vamos lá.

Fábio, protagonista da primeira história, trabalhou a vida toda como comerciante. Sempre valorizou o trabalho e preocupava-se muito com a família e com o tempo de lazer. Um homem que sabia valorizar os prazeres simples que a vida proporciona. O começo de sua carreira foi um pouco frustrada. Sempre muito curioso, ele tentou ser professor de Física, mas acabou não gostando da experiência e decidiu tornar-se um comerciante.

Abriu seu armazém em um bairro ainda em crescimento e tinha uma clientela bastante fiel ao seu comércio. Responsável por dirigir e cuidar de todo o negócio, trabalhou arduamente até os 67 anos. Aposentou-se. Colocou o mercado à venda e fez questão de que o novo dono fosse trabalhador como ele, para que o bairro continuasse com a já tradicional loja de conveniências. Apesar de não receber mensalmente a mesma quantia que conseguia com o comércio, decidiu nunca mais trabalhar. Estava satisfeito com aquilo. Atual­mente ele tem 92 anos, está lúcido e saudável como sempre e aproveita muito a família, seus netos, bisnetos e é adepto da filosofia de que "já trabalhei tudo o que tinha para trabalhar. Agora vou é aproveitar".

No segundo caso, outro grande amigo meu, chamado Marcus, trabalhou a vida toda em uma grande indústria de sapatos e calçados. Começou como vendedor na empresa e era o responsável por apresentar os produtos a pequenas lojas, conseguindo assim aumentar os pontos de venda em que a marca era comercializada. Com o tempo, o rapaz começou a ser promovido na empresa, até que, aos 60 anos, idade em que se aposentaria, era membro do quadro societário da empresa, além de ter sido homenageado funcionário honorário pela presidência.

Marcos adquiriu, com o tempo, conhecimentos incríveis sobre o setor em que trabalhara a vida toda. Conhecia como ninguém o setor de calçados, sabia todas as estratégias de sucesso e fracasso da empresa dos últimos 30 anos. De fato, alguém que contribuiu muito para o crescimento da empresa. Contanto, aposentou-se. Saiu da empresa e aproveitou por dois anos a aposentadoria. Viajou e dedicou-se como nunca à família.

Porém, após este breve período de ócio, começou a sentir-se inútil. Ele queria voltar ao trabalho. Realmente amava fazer aquilo, e sentia-se bem e útil quando ajudava aos outros e colaborava com pessoas ou mesmo com a empresa. A própria família achou estranho o fato de ele ter escolhido voltar ao batente dois anos após ter se aposentado. Mas, segundo ele mesmo disse "o trabalho é minha vida, meu prazer, e o farei até quando minha saúde permitir". Apesar de aposentado, voltou a trabalhar. Como membro honorário da empresa, e também pela idade em que já possui, acordou com a empresa termos que o permitiam pegar um pouco mais leve no trabalho – e continuou fazendo aquilo que mais lhe dava prazer na vida.

Na terça-feira falarei mais sobre a aposentadoria e tudo o que envolve este ponto final (ou não) da carreira de todos nós. Abraços e até lá!

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