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Relação profissional precisa ser saudável para surtir bom efeito no clima organizacional, senão o que sobra são pessoas altamente descontentes com seus trabalhos, gerando um efeito dominó no que diz respeito à insatisfação de todos na empresa. Para ilustrar melhor o que quero dizer, contarei hoje a história de Berenice e Janete, duas jovens profissionais com um futuro brilhante pela frente. Pena que talvez nem elas saibam disso.

Berenice entrou na empresa de um grande amigo há pouco mais de dois anos e, logo que ela completou os três primeiros meses de experiência, Janete foi contratada. Ambas ocupavam o mesmo cargo, tinham o mesmo horário de trabalho, desempenhavam a mesma função e ganhavam o mesmo salário. A única diferença entre as duas é que Janete era filha de um amigo de infância do dono da empresa, o que fazia com que ele demonstrasse uma afeição especial a ela. Segundo José, meu amigo, Janete e Berenice possuíam as mesmas chances dentro da empresa e ele jamais daria preferência a uma, pelo simples fato de conhecer seus pais.

Porém, por mais que ele propagasse isso (e acredito nele), vez ou outra José tratava Janete com um zelo maior. Aliás, com Berenice seu relacionamento era estritamente profissional e, apesar de admirar o trabalho da moça, José se restringia a elogiar o seu desempenho. Com o tempo, Berenice começou a se sentir deixada de lado. Ela havia entrado alguns meses antes de Janete, porém percebia que a colega conseguia uma atenção maior por parte de seu chefe e, consequentemente, dos outros colegas de área, que se sentiam contagiados pelo bom relacionamento dos dois.

No princípio, a moça não se incomodou muito com a situação. Mas, com o passar do tempo começou a perceber que José parecia não só zelar pela filha do amigo, mas também levava-lhe mimos vez ou outra. Primeiro foi um bombom, depois um convite para almoçar em casa com a família, sem contar as caronas diárias. Berenice tentou disfarçar, mas logo todos do escritório percebiam que a moça simplesmente "fechava a cara" cada vez que José chegava com um agrado novo para Janete.

Meu amigo garante que não pretendia gerar desconforto entre seus funcionários, mas Janete fora criada com suas filhas e ele tinha um apreço inigualável pela moça. Não pretendia deixar de ser espontâneo ao escolher um chocolatinho para a menina sempre que voltasse do almoço.

Berenice, por sua vez, começou a se demonstrar cada vez mais desmotivada e, às vezes, até agressiva. Ela não concebia a ideia ser tratada de forma diferente de uma pessoa que fazia as mesmas coisas que ela. Na sua concepção, ambas mereciam o mesmo tratamento, sem levar em conta a aproximação que ambos tinham. E, extremamente insatisfeita com o que vinha acontecendo, começou a reclamar para outros colegas, apontando a visível preferência que seu chefe tinha por Janete.

Até que um dia, José, abismado com o que Berenice comentava por suas costas, convidou-a para um café. Tentando entender o lado dela, deixou que ela falasse tudo que pensava e escutou algumas coisas plausíveis, outras nem tanto. Durante a conversa, Berenice disse que a única coisa que queria era igualdade. Já que ambas precisavam desempenhar o mesmo trabalho, era fundamental que ambas tivessem o mesmo tratamento. Na sua opinião, fora da empresa José poderia demonstrar seu carinho por Janete o quanto quisesse. Mas, lá dentro, o que prevalecia era o comportamento profissional.

Perguntando-me o que eu achava sobre as ideias da moça, não hesitei em responder que extremamente infantil. Por outro lado, não podemos deixar de ponderar sobre o comportamento de José. Como chefe, a isenção e a forma homogênea de tratar a todos deve prevalecer. Por mais que ele goste de Janete, jamais deve deixar que essa preferência atrapalhe seu relacionamento com os demais colaboradores, e, principalmente, que isso afete o clima organizacional.

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