Recentemente li um artigo de George Bradt, da Forbes, no qual ele menciona que, em uma entrevista de emprego, apenas três perguntas realmente importam (o que explicarei detalhadamente no artigo de terça-feira). É uma afirmação bastante curiosa. Já fiz entrevistas que duravam horas com inúmeros profissionais, enquanto outras eram extremamente objetivas e curtas. Isso tudo varia do entrevistador, do profissional entrevistado, da oportunidade disponível, da empresa contratante são muitos fatores.
Isso me fez refletir um pouco sobre o ritmo natural de execução das coisas e o passo com que, de tempos em tempos, surgem ideias diferentes para detalhar, sintetizar ou aprimorar um produto, processo ou serviço. Esse assunto recordou-me de algo que aconteceu quando ainda trabalhava em uma multinacional.
Em certo momento, um novo presidente assumiu a companhia. Um de seus primeiros pedidos foi de que "a partir de então, todas as apresentações deveriam ter somente uma transparência". Muitos colegas e alguns superiores ficaram bastante perdidos em um primeiro momento. Resumir o que antes eram trinta ou quarenta transparências (ainda não tínhamos softwares de apresentação como hoje) em uma só era quase "humanamente impossível".
O próprio presidente deu o exemplo. Em sua primeira apresentação, pediu que toda a direção, gerência e coordenação da empresa estivessem presentes. Falou por mais de uma hora, e tudo estava em uma só transparência - justamente como ele havia demandado. As informações estavam demasiadamente compactadas, criou maneiras de representar grandes cadeias e processos com termos, fórmulas e desenhos. Funcionava. Ele conhecia tudo como a palma de sua mão.
Nas primeiras apresentações após a nova regra, notamos coisas que até então nunca tínhamos reparado. Além de aprendermos a sintetizar e priorizar o que realmente era necessário na transparência (não dávamos mais banhos de números e textos intermináveis aos colegas nas reuniões), estes resumos possibilitaram duas coisas: 1) que todos se obrigassem a aprender todos os termos, números, processos e objetivos da companhia e 2) que esse mesmo conteúdo extremamente sintetizado servia como porta para responder a dúvidas que inevitavelmente surgiam ou precisavam ser aprofundadas.
Em longo prazo, era como se todos tivessem incutido todas essas informações na cabeça, mas, caso precisassem saber algo mais, já sabiam onde encontrar as respostas e com quem deveriam discutir a respeito. O tempo médio das reuniões foi reduzido drasticamente e todos começaram a dar importância ao caderno de anotações e à agenda ao invés de simplesmente acenar com a cabeça concordando e depois pedir uma cópia da transparência.
Não desejo afirmar aqui que a objetividade extrema é benéfica e tudo deve ser minimalista ao extremo. Muito pelo contrário, há relatórios, documentos e apresentações de todos os tipos que precisam ser específicos para uma maior segurança do que está sendo feito ou entregue.
Isso funciona da mesma maneira com as entrevistas e aquela teoria, do início do artigo, que li a respeito. Cada uma das três perguntas serve, na verdade, como uma possibilidade de analisar tantos outros fatores.
Nesta terça-feira falarei sobre esta teoria das três perguntas e explicarei melhor alguns conceitos que os recrutadores analisam implicitamente nas entrevistas.



