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Inspirado pelo clima romântico que vivemos na semana dos namorados, lembrei-me da história de uma antiga funcionária que vivia sempre muito sozinha. Rafaela era jovem quando veio trabalhar em minha empresa e vi, durante anos, ela evoluindo profissionalmente e conquistando seu espaço dentro da empresa. Ela era uma moça muito bonita, porém estava sempre sozinha. Volta e meia, quando encontrava com ela na cozinha, perguntava como ia seu coração e ela sempre respondia: "Está batendo no compasso certo... mas vazio, como sempre!". Sempre dizia a ela para não se descuidar de sua vida pessoal, mesmo que como profissional ela estivesse às mil maravilhas. Afinal, todos nós merecemos a vida a dois. Cá pra nós, é muito mais gostoso ter alguém pra dividir as alegrias, e também as tristezas, não?

Pouco mais de cinco anos trabalhando comigo, Rafaela me chamou pra uma conversa e disse que pretendia dar outro prosseguimento a sua carreira e me comunicou seu desligamento. Por coincidência, a empresa onde ela iria trabalhar era de um amigo muito querido. Por conta disso, continuei tendo notícias da moça, tanto pelo meu amigo, quanto por ela mesma. Ambos relatavam as evoluções de Rafaela e eu ficava muito contente ao ter apontamentos sempre positivos de alguém que eu realmente desejava o melhor. Até que um dia, meu amigo me chamou para uma conversa a respeito da moça, dizendo que o assunto era sério e precisava ser tratado pessoalmente.

Ao iniciarmos, Roberto me explicou que estava com um "pepino" inusitado para resolver e que ele não sabia ao certo como agir. Pouco mais de uma semana antes disso, Rafaela havia lhe chamado para uma conversa para anunciar que estava apaixonada por um colega de trabalho e queria a aprovação de Roberto – caso contrário, pediria demissão. Roberto, tomado pela surpresa, pediu um tempo para pensar e solicitou que, por enquanto, a moça não comunicasse o romance para mais ninguém da empresa. Em dúvida sobre que atitude tomar, ele me pediu ajuda para decidir como proceder. Meu amigo nunca precisara enfrentar circunstância semelhante.

Apesar de ser contra relacionamentos amorosos entre colegas de trabalho, ponderei melhor sobre o assunto. Por conhecer a trajetória da moça e saber que ela realmente era bastante fechada para as coisas do coração, imaginei que, se ela havia chegado ao ponto de se abrir de tal maneira para o chefe, era porque a coisa era séria. Fiz uma série de perguntas a Roberto em relação à conduta do rapaz na empresa, pois em relação à seriedade de Rafaela, eu praticamente colocaria as minhas mãos no fogo. Roberto admirava muito o jovem e disse que, na verdade, considerava-os um casal perfeito, porém tinha medo do que isso poderia implicar no trabalho de ambos. "Tente!". Foi o que disse a ele. Era melhor tentar liberar o romance entre os colegas, a perder um deles. Afinal, uma coisa era certa, eles namorariam, independente da aprovação ou não.

Por mais de dois anos, Rafaela e Thiago namoraram e trabalharam debaixo do mesmo teto. De tempos em tempos, trocava mensagens com Roberto, que sempre me dizia que ambos eram discretos e desempenhavam seus trabalhos cada vez melhor. Rafaela também se correspondia comigo e eu percebia na moça uma felicidade incomum, algo que antes não podia ser notado nela, por mais que fosse sempre muito querida com todos. A moça passou a fazer planos para o futuro, almejava ter filhos e parecia levar a vida de forma mais tranquila do que antes. Eu torcia por aquele romance!

Talvez seja por isso que fiquei tão feliz ao receber o convite de casamento deles há pouco mais de um mês. Isso mesmo, o namoro que iniciou há cerca de dois anos agora se concretizará. Fico feliz em ter feito parte disso e, principalmente, por descobrir um profissionalismo fora do comum na moça, que preferiu abrir o jogo no princípio e ser sincera com o chefe, com o relacionamento e consigo mesma. Aos dois, meus votos de felicidade!

Errata

Devido a erros de sistema, a Coluna Talento em Pauta da última terça-feira repetiu o artigo publicado na semana anterior. Por conta disso, na próxima terça-feira será publicado o artigo que dá continuidade à carta da leitora Elisângela do domingo, dia 6.

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