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Falar sobre a remuneração com o chefe ainda é um tabu para muita gente: ou deixa envergonhado, ou deixa com medo. Mas não é bem assim que as pessoas deveriam olhar essa questão. A readequação de salário é necessária e faz parte de um processo natural, esporadicamente, e desde que o profissional mereça isso.

Muitos profissionais erram ao abordar o superior por uma série de fatores: situação financeira e perspectiva de crescimento da empresa, conflitos no grupo, relacionamento interpessoal, conclusão e entrega de projetos etc.

Certa vez uma profissional me procurou para pedir conselhos e, no meio da conversa, me contou que estava em um impasse sobre sua posição na empresa, assim como sobre a faixa salarial. Resumirei este caso a vocês, pois acredito que sirva como um ótimo exemplo à maioria dos que planejam pedir um reajuste.

Mariana trabalhava em uma empresa de soluções de TI. Ainda em seus 30 e poucos anos, sempre foi uma profissional extremamente dedicada e tinha uma das mentes mais brilhantes do escritório. Porém, o fato de ser mulher, especialmente nesse segmento, fazia com que não tivesse o mesmo reconhecimento dentro da empresa em relação aos colegas.

Apesar de todos consentirem o potencial de Mariana, a gestão não dava o braço a torcer e não dava o devido mérito. A iniciativa dela permitia que descobrisse as principais novidades do mercado, além de querer estar atualizada o tempo todo. Queria fazer cursos, provas e se capacitar em ferramentas tecnológicas diferentes. Até que um dia, resolveu lutar para fazer com que a empresa investisse nela e foi conversar com o superior.

Na reunião, expôs suas vontades e objetivos: provou por A+B que seu desempenho era excelente – sem se comparar com nenhum colega; que os clientes mais satisfeitos eram os atendidos por ela; e que as melhores soluções e aperfeiçoamentos criados ultimamente tinham sido concebidos por ela. Pedia, por merecimento, um salário um pouco melhor, além de uma ajuda de custo para que realizasse as provas de capacitação internacional.

Ganhou um aumento muito tímido na remuneração, porém, a ajuda para os testes não foram aprovados. Educadamente agradeceu, apesar de suas expectativas não terem sido plenamente satisfeitas. Alguns meses depois, foi caçada para trabalhar em uma empresa de renome no segmento de TI. A empresa oferecia total suporte aos cursos que ela queria fazer, assim como tinha uma política de remuneração e plano de carreira totalmente transparente e preestabelecida entre todos os funcionários da companhia.

Ao comunicar ao seu superior que fora abordada e tivera tomado a decisão de trocar empresa, ele "perdeu o chão". Disse que havia planos de dar um aumento a ela, e talvez até uma promoção. Ofereceu uma contraproposta que cobria o valor oferecido pela outra empresa com um pequeno bônus. Mariana, porém, não aceitou e foi para a nova empresa.

O caso dela, na verdade, uniu o merecimento à sorte. Foi bem peculiar e, obviamente, não é sempre que isso acontece aos profissionais. O que vale destacar nesta história é que Mariana era ciente de sua plena capacidade e potencial técnico – o que lhe conferia um diferencial. A capacitação e dedicação extrema dela na empresa e com clientes certamente foi determinante para que fosse caçada. Infelizmente, a politica de gestão da antiga empresa não era adequada e, por isso, acabou perdendo um valioso talento para o mercado.

O caso mostra os dois lados da moeda: o da empresa, que precisa saber valorizar e reconhecer seus talentos; e o do funcionário, que deve saber seu valor, sua capacidade e sua importância para a empresa.

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