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Fico decepcionado quando vejo pessoas que estimo metendo os pés pelas mãos sem ao menos ponderar sobre as consequências disso. Aliás, convenhamos, infelizmente, algumas pessoas que juramos ser honestas volta e meia cometem atos quem nem elas mesmas sabem explicar como tiveram coragem de fazer. Foi o que aconteceu com Carolina, uma profissional da área financeira que sempre admirei, mas que em certa altura de sua carreira começou a cometer abuso atrás de abuso, até chegar ao ponto de realizar verdadeiros atos ilícitos.

Acompanhei sua trajetória profissional desde que se formou e sempre soube o quanto ela era competente. Aos 25 anos, foi admitida por uma importante consultoria financeira, onde ocupava um cargo relativamente estratégico. Seus chefes a adoravam e diziam aos quatro cantos que Carolina era realmente muito boa no que fazia. Com isso, foram, aos pouquinhos, direcionando projetos importantes para a moça e abrindo informações sigilosas, acreditando que ela seria capaz de guardá-las consigo.

No princípio, a moça fazia jus à confiança que lhe era dada e, com o passar do tempo, a diretoria da empresa concedia mais e mais elogios à moça. Juntos aos elogios, vinham privilégios, aumentos de salário, e, principalmente, responsabilidades que não eram concedidas nem aos funcionários com mais tempo de casa. Olhando de fora, eu admirava a trajetória da moça, por conseguir tantos feitos com tão pouca idade.

Até que, um dia, recebi a notícia de que Carolina havia sido desligada da empresa. S urpreso com o ineditismo da situação, procurei a moça para perguntar o que havia acontecido. Com uma voz doce e um ar angelical, a jovem apenas me disse que resolvera se desligar da empresa para tentar um intercâmbio para aprimorar o inglês. Dei todo meu apoio à moça, já que hoje em dia a segunda língua é obrigatória, e ela realmente pecava por ainda não possuir essa fluência.

Convivi com essa verdade durante alguns meses, correspondendo-me com Carolina e prometendo uma pronta recolocação quando ela retornasse ao Brasil. Cogitava, inclusive, que ela viesse trabalhar comigo, já que acreditava cegamente no que ela havia me contado. Porém, como todos sabemos, mentira tem pernas curtas e, num evento de finanças, encontrei-me com seus antigos empregadores. Ao tecer alguns elogios à moça, um deles me interrompeu e contou a verdadeira sequência de fatos.

Adriano contou-me que Carolina, na verdade, havia sido demitida por justa causa. A primeira falcatrua da moça foi se beneficiar da posse de informações sigilosas em benefício próprio. Ela contava tudo o que sabia a um dos clientes mais importantes da consultoria, para que, assim, conseguisse mais projetos em seu nome e, consequentemente, mais comissões. Não bastasse isso, Adriano e seu sócio descobriram que Carolina mantinha um relacionamento amoroso com um colega de trabalho às escuras. E, para piorar, ao ser avisada de que seria desligada da empresa, Carolina, atordoada, em seus últimos dias de aviso prévio, utilizou das ferramentas da empresa para contatar todos os clientes e avisar que estaria à disposição caso quisessem um serviço personalizado e exclusivo.

Porém, o que considero o pior de todos os atos foi o que Adriano me contou no fim de nossa conversa. Carolina, sem pensar duas vezes no que fazia, copiou para si todos os arquivos da empresa, ameaçando, com isso, seus antigos chefes. Disse que, se a demitissem por justa causa, abriria essas informações confidenciais para concorrentes de seus clientes.

Até hoje não consigo entender direito como uma moça aparentemente tão boa pôde fazer tais coisas. Tenho duas explicações. A primeira é falta de caráter. E a segunda é o efeito Lúcifer, assunto que abordarei em breve.

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