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Todos nós, em algum momento de nossas vidas, nos deparamos com situações delicadas que mudam nosso humor e a forma com que nos relacionamos com as pessoas. Seja o motivo o falecimento de alguém próximo, problemas financeiros, de relacionamento com filhos ou cônjuges, todos eles nos afetam emocionalmente e, consequentemente nosso desempenho no trabalho também.

É muito fácil falar para "separar as coisas". Trabalho é trabalho, vida pessoal é outra história. Porém, na prática, sabemos que em momentos de crises pessoais, o trabalho é, sim, afetado. Há como evitar? Nem sempre. Há como amenizar? Com certeza.

Rodrigo é um antigo funcionário meu. Na época em que tudo aconteceu, ele já trabalhava comigo há dois anos. Ele era casado há mais ou menos dez anos, tinha duas filhas pequenas as quais era muito apegado e era alguém que valorizava e preservava a sua relação familiar. Para ele, nada era mais importante que o bem-estar das suas filhas e da sua esposa. Pode-se então imaginar a sua reação quando sua esposa pediu divórcio e a guarda das duas filhas.

A vida de Rodrigo, aparentemente, havia desabado. Aquilo que ele mais acreditava já não mais existia e, consequentemente, seu estado emocional mudou. Mudou muito. Acredito que no início da separação, Rodrigo ainda tentava manter-se o mais reservado possível, não contando seus problemas aos colegas de trabalho e nem a mim.

Entretanto, uma semana havia se passado e todos já haviam reparado que Rodrigo ou chegava atrasado ou saía mais cedo que o normal. Não falava com ninguém, almoçava sozinho e quando lhe pediam algum favor, respondia rispidamente. Era fácil de notar sua aparência pálida, roupas desleixadas e olheiras no rosto. Logo, todos perceberam que alguma coisa estava errada.

Antes que os boatos e fofocas começassem, chamei Rodrigo para conversar em minha sala. Servi um copo d’água e perguntei se ele estava passando por algum problema em sua vida. Procurei deixá-lo o mais confortável possível e acredito que obtive sucesso, pois ele me contou tudo. Falou de sua família, de sua esposa, do amor que sentia pelas suas filhas e de como seria difícil viver longe delas. Pediu-me desculpas pelo desabafo e também pela forma como se comportara durante aquela semana.

Além disso, disse que não sabia por quanto tempo a sua situação se prolongaria. Então, me pediu que não levasse em consideração sua possível rispidez, ausência e até nervosismo em algum momento ou outro. Como seu superior, procurei entender a situação e disse a ele que não se preocupasse.

Na segunda-feira da semana seguinte, convoquei uma reunião com os integrantes da equipe em que Rodrigo trabalhava. Sem dizer qual era o problema pessoal que ele estava enfrentando, pedi a todos que tivessem mais paciência com o mesmo. Disse que estava passando por um momento difícil e que o melhor jeito de lidar com isso era evitando perguntas a respeito de sua vida pessoal.

Após essas conversas, o clima no trabalho ficou muito melhor e Rodrigo conseguiu, na medida do possível, manter seu rendimento profissional intocável até superar sua crise pessoal.

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