
A Volvo pretende adotar férias coletivas ou banco de horas para contornar a retração das vendas do mercado de caminhões no início deste ano. O anúncio do ajuste na linha de produção foi feito ontem pela montadora. A multinacional sueca monta 123 caminhões por dia, em dois turnos, na fábrica da Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
Segundo a empresa, a mudança deve ser colocada em prática até o fim de junho, mas ela não dá detalhes sobre as alterações. A empresa emprega 4,1 mil pessoas e monta caminhões pesados e semipesados. As projeções de vendas para esse mercado em todo o país caíram de 105 mil para 99 mil veículos em 2014.
A Volvo é mais uma fabricante a fazer ajustes na sua linha de produção para driblar a retração de mercado. Mais da metade das montadoras instaladas no país já anunciou algum tipo de medida de contenção, como férias coletivas, suspensão de contrato de trabalho (layoff), plano de demissão voluntária e cortes de produção. No Paraná, a Renault adiou a volta dos funcionários depois do feriado de Tiradentes e a Volks colocou em layoff cerca de 700 metalúrgicos da fábrica de São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.
Pressão
Ontem, em São Paulo, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Luiz Moan, voltou a defender a proposta de ampliação do programa de layoff como forma de aliviar a crise do setor no Brasil. Uma opção, segundo ele, é que a montadora possa afastar o funcionário do trabalho somente em 50% do tempo, ao invés de 100%, como ocorre hoje. Outra alternativa seria estender o prazo da dispensa para dez meses. No layoff, a empresa paga parte do salário e o restante é bancado pelo seguro-desemprego.
O presidente da entidade também ressaltou esperar medidas por parte do governo para destravar o crédito voltado à compra de veículos. "Nós levamos nas últimas semanas análises da conjuntura de curto prazo para vários ministérios e eles demonstraram preocupação. A questão do crédito foi o grande ponto que apontamos como restrição ao consumo interno", explicou.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que o governo estuda programas de apoio à indústria automotiva. "Estamos negociando com a Argentina a liberação de entraves para a exportação de automóveis e viabilizando o financiamento pelo setor privado."
De acordo com ele, o nível de financiamento de carros zero no país "nunca esteve tão baixo". "De cada 10 cadastros que entram, apenas cinco são aprovados [pelos bancos]. Então, há uma restrição de crédito." A ideia é reduzir o valor de entrada, atualmente em 40%, e alongar o prazo, para 48 meses, em média.



