
Em dezembro de 2003, o executivo catarinense Conrado Engel veio "de brinde" para o HSBC, que havia adquirido a financeira Losango, então em mãos do também britânico Lloyds TSB. A aquisição provou-se positiva para a instituição, tanto que a carreira de Engel tomou rumos internacionais. Na nova casa, ele foi escolhido para comandar todo o varejo para pessoa física do HSBC na região Ásia-Pacífico uma área que abrange da Nova Zelândia ao Paquistão e é origem de cerca de um terço dos lucros do grupo. Agora ele volta ao Brasil para assumir a presidência da subsidiária brasileira do banco.
Engel que passará a maior parte do tempo em Curitiba, onde o HSBC Brasil tem sua sede e concentra parte de suas operações foi formalmente apresentado aos funcionários do banco num coquetel realizado ontem, no Castelo do Batel. Diplomaticamente, o executivo ainda evita tecer comentários a respeito do cenário macroeconômico do país por ser um "recém chegado". Ontem, limitou-se a dizer que a economia brasileira já dá sinais inequívocos de recuperação e tem muito a ganhar se reforçar os laços comerciais com o Oriente. "O potencial de uma maior conexão entre o Brasil e a Ásia é muito grande", disse.
A posição de Engel na cabeça das operações asiáticas, aliás, deu-lhe visibilidade, e os resultados apareceram, mesmo num período muito difícil para todo o sistema financeiro internacional como foi 2008. A região comandada por ele teve um recuo de 21% na receita, mas ainda assim deu lucro de US$ 3,9 bilhões.
Antes disso, na Losango, o engenheiro Engel já havia mostrado a que veio. Foram os bons números que conseguidos na época do Lloyds a razão de o HSBC ter se interessado pela empresa. Engel assumiu uma financeira problemática, deficitária, em 1998, e levou-a a registrar em 2002 um lucro de R$ 160 milhões.
O que se pode esperar agora de uma gestão de Engel no HSBC Brasil? No passado, Conrado Engel já falou sobre as oportunidades surgidas com o envelhecimento da população e do objetivo de aumentar o número de produtos financeiros vendidos a cada cliente.
Na breve entrevista que concedeu à Gazeta do Povo ontem à noite, Engel também disse que a presença do HSBC em mercados emergentes é um diferencial estratégico do banco. "Pretendemos reforçar a presença do HSBC no Brasil, mas nosso foco inicial está no crescimento orgânico", afirmou. Em um mercado que passa por uma forte consolidação, com Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil brigando pela liderança com cada vez mais força, tal objetivo já é um desafio e tanto.
Colaborou Alexandre Costa Nascimento



