• Carregando...
Desde 19 de julho, Petrobras anunciou seis quedas nos preços dos combustíveis
Desde 19 de julho, Petrobras anunciou seis quedas nos preços dos combustíveis| Foto: Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo

As sucessivas quedas nos preços dos combustíveis ajudaram a levar o país à segunda deflação consecutiva em agosto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA encolheu 0,36% no mês passado. A retração foi menos intensa do que a registrada em julho (-0,68%), quando a taxa foi a menor desde o início da série histórica da pesquisa, em janeiro de 1980.

Segundo a economista Tatiana Nogueira, da XP Investimentos, mais uma vez a redução de impostos e o corte no preço da gasolina contribuíram para a deflação. Ela lembra que a surpresa negativa veio dos bens industriais, que voltaram a acelerar. Houve, entretanto, uma melhora recente relacionada à normalização da oferta de bens e insumos básicos.

“Alguns fatores explicam a queda menor em relação a julho. Um deles é a retração menos intensa da energia elétrica (-1,27%), que havia sido de 5,78% no mês anterior, em consequência da redução das alíquotas de ICMS. Também houve aceleração de alguns grupos, como saúde e cuidados pessoais (1,31%) e vestuário (1,69%), e a queda menos forte do grupo de transportes em agosto. No mês anterior, os preços da gasolina, que é o item de maior peso no grupo, tinham caído 15,48% e, em agosto, a retração foi menor (-11,64%)”, explica o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov.

Dois dos nove grupos que compõem a pesquisa tiveram queda nos preços: transportes (-3,37%) e comunicação (-1,10%). Já o grupo alimentação e bebidas teve uma pequena alta: 0,24%.

A queda nos transportes foi influenciada principalmente pela retração nos preços dos combustíveis (-10,82%). Em agosto, os quatro combustíveis pesquisados tiveram deflação: gás veicular (-2,12%), óleo diesel (-3,76%), etanol (-8,67%) e gasolina (-11,64%). Item com maior impacto negativo sobre o índice geral, a gasolina teve redução de R$ 0,18 por litro nas refinarias no mês passado.

Os preços das passagens aéreas também caíram em agosto (-12,07%), após quatro meses consecutivos de alta. Para o gerente da pesquisa, a sazonalidade é uma das explicações para esse resultado. “Essa é uma comparação com julho, que é um mês de férias e há aumento da demanda. Além disso, foram quatro meses seguidos de alta, o que eleva a base de comparação. Também há o impacto da redução do querosene de aviação nesse período”.

No grupo comunicação (-1,10%), a variação negativa decorre especialmente da redução nos planos de telefonia fixa (-6,71%) e de telefonia móvel (-2,67%).

A chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, acredita que o pior ficou para trás. Mas, a sensação de perda do poder de compra perde força aos poucos. 63% dos itens que compõem o cálculo do IPCA aumentaram no mês passado. Em abril, esse número chegou a 78%.

Os preços dos alimentos

Os preços no grupo alimentação e bebidas desaceleraram frente ao mês anterior (1,30%). Itens importantes na mesa das famílias tiveram inflação, como o frango em pedaços (2,87%), o queijo (2,58%) e as frutas (1,35%). Mas também houve queda nos preços do tomate (-11,25%), da batata-inglesa (-10,07%) e do óleo de soja (-5,56%). Isso fez com que o resultado da alimentação no domicílio (0,01%) ficasse próximo da estabilidade.

Outro produto importante na cesta é o leite longa vida, que teve deflação de 1,78% em agosto. “Nos últimos meses, os preços do leite subiram muito. Como estamos chegando ao fim do período de entressafra, que deve seguir até setembro ou outubro, isso pode melhorar a situação. Mas no mês anterior, a alta do leite foi de 25,46%, ou seja, os preços caíram em agosto, mas ainda seguem altos”, afirma Kislanov.

A alimentação fora do domicílio avançou 0,89%, com a refeição passando de 0,53%, em julho, para 0,84%, em agosto, e o lanche desacelerando de 1,32% para 0,86% nesse período.

Perspectivas de nova deflação em setembro

No acumulado de 12 meses, a inflação teve uma alta de 8,73%. É a primeira vez, desde setembro de 2021, que o índice fica abaixo dos 10%. As expectativas do mercado financeiro são de que a inflação fique abaixo de 7% neste ano. Há dez semanas elas estão em queda, segundo o relatório Focus, do Banco Central (BC): o ponto médio (mediana) das projeções está em 6,61%.

"A projeção de queda da inflação não significa que os preços vão cair de maneira geral. E sim, que eles passarão a subir mais lentamente", diz Sá, da Rico Investimentos.

A XP Investimentos espera uma nova deflação para setembro, por causa da redução recente dos preços da gasolina nas refinarias da Petrobras e o repasse defasado da redução das alíquotas em telecomunicação e energia.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]