
Promotores e organizadores de eventos de Curitiba estão sentindo queda de 10% a 20% no movimento de fim de ano. Algumas empresas até estão cancelando as tradicionais festas de confraternização de funcionários ou clientes. Quem mantém o evento agendado pede opções de decoração e cardápio mais baratos. Para driblar a crise, o setor de eventos tem recorrido à criatividade e a formas mais amigáveis de pagamento e parcelamento.
"Algumas empresas que estão diminuindo as horas extras de seus funcionários decidiram cancelar a festa, porque acham que não pega bem gastar com supérfluos quando os trabalhadores estão com renda menor", conta o empresário Dado Dantas, sócio de Ilse Lambach em uma empresa de eventos requintados. Entre as empresas que mantêm a festa, todas estão reduzindo o orçamento. Segundo Dantas, o principal corte é em relação ao mobiliário.
Para manter a clientela, a palavra de ordem é inovar. "Em vez de espumante mais caro, procuramos opções mais baratas, que tenham qualidade similar. A carne de frango e de suíno, que costumam ser menosprezadas, podem ser usadas em pratos requintados e excelentes. Quanto às flores, a orquídea pode ser substituída por outras opções tão bonitas quanto, como boca de leão." Segundo Dantas, como os clientes começam a priorizar arranjos mais baratos, o preço dos mais caros tende a cair, para não ficar encalhados. "Há maneiras de dar um truque na crise. Para as empresas em geral, vale a pena ter um bom produtor de eventos, com criatividade, para buscar opções boas e mais baratas."
De acordo com Ivan Ricardo, vendedor da Uda Garden, os clientes continuam comprando, mas pedem mais prazos e descontos na hora do pagamento. "Algumas vezes a gente oferece opções mais em conta, para eles não desfazerem o negócio." Mas a crise não está assustando os empresários do ramo. Shiguekatsu Uda, que comanda a floricultura há 35 anos, diz que o momento não é dos piores. A empresária Márcia Terezinha da Costa, da Flora Luma, também diz que não tem muitos motivos para reclamar. "O setor de eventos está um pouco pior. Tem gente que faz orçamento e nunca mais volta. Mas em novembro as vendas foram, no geral, bastante boas."
Salões
Nos grandes espaços de eventos em Curitiba, que meses atrás já não tinham espaço na agenda de fim de ano, o impacto da crise parece ser menor. No Buffet Ilha do Mehl não houve nenhum cancelamento, diz uma das sócias, Ana Mehl. "As empresas que fizeram festa com a gente no ano passado já deixaram reservada a data deste ano. O pagamento é antecipado, então é difícil ocorrer cancelamentos. Talvez, ao final das festas deste ano a gente não receba tantos pedidos de reserva de data para 2009."
Tatiane Ramos, do Buffet du Batel, também conta que ainda não ocorreram impactos. Houve algumas trocas de clientes em relação a 2007. "Alguns mudaram de local para conter gastos e mudar de ambiente, até para não ficar muito repetitivo. Outras empresas mais tradicionais permaneceram conosco, até com aumento do número de pessoas em comparação aos outros anos."
A situação se repete no Estação Embratel Convention Center. "A crise ainda é recente. Os eventos são programados com certa antecedência e por isso, não são muito afetados pela crise atual. Como o o empreendimento já tem os contratos fechados para a realização dessas festas de fim de ano, não sentimos ainda os reflexos da crise", diz o gerente-geral Rodrigo Swinka. Ele conta que o número de festas de empresas e entidades de classe até cresceu 5% em relação a 2007. "A grande maioria dos nossos clientes são empresas consolidadas, de grande porte, que contam com lastro financeiro e por isso conseguiram manter suas programações. Esses eventos são muito importantes para as empresas, para comemorar os bons resultados obtidos por seus colaboradores durante o ano de 2008 ou então criar o principal momento de confraternização de suas equipes."



