Diante do cenário econômico desfavorável, o varejo paranaense aposta no significado da Páscoa para um tímido, mas positivo, crescimento das vendas em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), os supermercados fizeram encomendas em torno de 5% superiores a 2014. Em nível nacional, a expectativa de mais da metade dos empresários do setor se limita a manter os níveis do último ano, enquanto 27% acreditam em crescimento.
A variação de preço dos produtos mais procurados para a Páscoa exige planejamento do consumidor. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), considerando os preços praticados pelos fornecedores, os ovos estão 10,9% mais caros, os chocolates em geral subiram 8,8% e o bacalhau, 7%. A cerveja, que costuma acompanhar os almoços de família, ficou 9,1% mais cara.
Com a alta dos preços e a cautela do consumidor, os varejistas investem em ovos menores. Enquanto a encomenda de ovos com menos de 150 gramas cresceu cerca de 6%, os pedidos de ovos maiores, com mais de 500 gramas, recuaram 6,7% em relação a 2014. A colomba pascal também perdeu espaço nas encomendas, com queda de 3%.
A empresária Rose Petenucci, da marca que leva seu nome, sentiu nas encomendas corporativas a diminuição do ticket médio e diminuiu o tamanho de alguns produtos. Apesar disso, já teve de se programar para vender mais que o previsto. “Senti que neste ano as pessoas estão se organizando para fazer as encomendas com antecedência”, diz. A produção, que começou em dezembro, deve passar de 5,5 toneladas.
Cesar Tozetto, presidente da Apras, afirma que a venda de produtos de Páscoa não deve sofrer tanto impacto da crise quanto outros segmentos. “Como a data tem um significado importante para as famílias, acreditamos o consumidor não vai deixar de presentear ou comprar os produtos tradicionais do almoço da Sexta-feira Santa, por exemplo”, diz. Segundo ele, as vendas já estão crescendo e devem ter impulso dos produtos licenciados infantis, os mais disputados nas prateleiras.
A marca curitibana Cuore di Cacao trabalha desde o ano passado em sua expansão por meio de revendedores, estratégia que deve sustentar o crescimento de 15% previsto para 2015. “A Páscoa é o pico do ano do nosso negócio. A projeção não é ousada, mas esperamos que a crise não impacte tanto, por ser um momento especial”, diz.
Ânimo
“Há uma expectativa de que a Páscoa levante os ânimos do comércio como um todo para enfrentar este ano, depois de um primeiro bimestre difícil”, diz o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Espolador Neto. Segundo ele, espera-se um crescimento em torno de 5% – o que seria um bom sinal, comparado a março do ano passado, quando houve queda de 0,5% nas vendas.