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O Lamborghini de Feldmann e Bonifácio foi mais rápido durante todo o fim de semana e ainda contou com um pouco de sorte | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O Lamborghini de Feldmann e Bonifácio foi mais rápido durante todo o fim de semana e ainda contou com um pouco de sorte| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Expansão- Volume financiado cresce 72%, ainda longe do recorde de 2002

O mês de julho foi o melhor da história do financiamento habitacional com recursos da poupança. Foram liberados empréstimos de R$ 1,58 bilhão, quase o dobro do mesmo período de 2006, segundo levantamento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Os números de 2007 também impressionam: de janeiro a julho, os recursos contratados somaram R$ 8,52 bilhões, com alta de 72% em relação aos sete primeiros meses de 2006. Os bancos financiaram mais de 151 mil imóveis no ano, 64,2% a mais que em igual período do ano passado.

Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR) mostram que o mercado curitibano também está aquecido. A área residencial liberada para a construção foi de 600 mil metros quadrados no primeiro semestre, praticamente o dobro do registrado entre janeiro e junho de 2006.

No entanto, a expansão terá de ser maior para que a construção civil de Curitiba supere o melhor resultado da década, registrado em 2002, quando foram liberados 1,5 milhão de metros quadrados. (FJ)

A tão esperada concorrência finalmente chegou ao crédito habitacional. Desde o ano passado, a queda dos juros vinha alimentando uma expansão considerável no volume de financiamentos para a compra de imóveis. Mas apenas na semana passada começou a ficar evidente a disputa das instituições por um mercado cada vez maior. Reagindo ao avanço dos bancos privados em um segmento que sempre dominou, a Caixa Econômica Federal aumentou em 50% o prazo máximo de parcelamento da casa própria, que passou de 20 para 30 anos. A intenção do banco estatal é manter em 37% sua participação nos financiamentos com recursos da poupança.

"Até dois anos atrás, o prazo máximo dos bancos privados era de 15 anos. Depois subiu para 20 e, mais recentemente, para 25 anos. Agora a Caixa oferece 30. É a chegada de algo com que sempre sonhamos: a concorrência entre os bancos", diz Norberto Baú, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR).

Outro ponto importante: a combinação de mais prazo e menos juro resulta em prestações mensais menores e a exigência de rendimento mensal mais baixo. Em outras palavras, a parcela mensal cabe no orçamento de mais gente. No caso da Caixa, quem comprar um imóvel de R$ 200 mil, financiando R$ 140 mil, vai pagar R$ 1.699,02 por mês ao longo de 30 anos – valor 15% menor que o cobrado quando o prazo era de 20 anos. A renda familiar exigida recuou na mesma proporção, para R$ 5.663,39. Para um financiamento de R$ 80 mil com recursos do FGTS, a parcela caiu 17%, para R$ 824,69 ao mês, enquanto a renda familiar caiu de R$ 3.309,29 para R$ 2.748,97.

O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR), Hugo Peretti Neto, aposta que a briga pelo prazo mais longo vai continuar. "A cada anúncio que a Caixa faz, os bancos privados vão atrás. É bem provável que eles aumentem ainda mais os seus prazos", diz Peretti, lembrando que há dois meses Itaú e Bradesco haviam invertido a tendência, obrigando a Caixa a reagir.

Empresários do setor não sabem estimar o impacto exato dessa medida sobre a expansão do crédito, mas acreditam que ela vai estimular uma mudança cultural. O brasileiro, antes acostumado a parcelar bens de pequeno valor, como eletrodomésticos, se sentiu confiante para assumir prestações mais longas para comprar o carro. O próximo passo será fazer o mesmo com os imóveis, como ocorre nos países desenvolvidos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, os consumidores não alimentam o sonho de quitar a casa própria, porque têm de pagar mais imposto ao adquirir o patrimônio. Com regras diferentes e juros irrisórios, eles preferem passar a vida trocando um financiamento por outro. "Meses atrás, um empresário sul-africano me perguntou porque no Brasil a pessoa financia o automóvel e não a casa. É simples: porque, no caso do automóvel, o prazo é muito mais curto e a pessoa se livra da prestação mais cedo", explica o gerente financeiro da incorporadora paulista Rossi, Ivan Piffer. "Quando há um horizonte de estabilidade, a pessoa se sente mais confortável. A tendência, no longo prazo, é que o brasileiro passe a financiar a casa e comprar o automóvel à vista."

Outra mudança importante é que as medidas adotadas pelos bancos nos últimos meses contemplam imóveis para a classe média, até então deixada de lado. A prioridade, ao menos para a Caixa, sempre foi atender às camadas mais pobres da população.

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