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A confiança do empresariado do comércio registrou uma queda de 2,6% em março segundo dados do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) divulgados nesta quinta (27). A retração foi a quarta seguida e atingiu 99,2 pontos, o menor nível desde junho de 2021 de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na comparação anual, a queda foi ainda mais acentuada, totalizando 9,1% e atinge todos os setores da economia, principalmente supermercados, farmácias e lojas de cosméticos – tiveram retração de 4,4%.
O comércio de eletroeletrônicos, móveis, materiais de construção e automóveis também sentiu um forte impacto, registrando 97,2 pontos e ficando abaixo da marca de 100 pontos pela primeira vez desde maio de 2021. A Intenção de Investimentos nas Empresas seguiu o pessimismo e mostrou uma queda generalizada na confiança, com supermercados e farmácias liderando a redução aos 98,9 pontos.
O subindicador Expectativa para a Economia registrou a maior queda mensal segundo a CNC, de 5,5% aos 109,5 pontos, o menor patamar desde julho de 2020. José Roberto Tadros, presidente da entidade, afirmou que o otimismo vem diminuindo como reflexo de um cenário econômico cada vez mais incerto.
“A redução da confiança continua em março assim como foi na pesquisa de fevereiro. É um termômetro de uma economia mais complexa e desafiadora que 2025 apresenta. Com isso, o empresariado vem tomando, cada vez mais, decisões cautelosas para os seus negócios”, afirmou.
A avaliação sobre a Condição Atual da Economia também apresentou queda expressiva de 5,1%, permanecendo abaixo dos 100 pontos. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a retração é de 26,8%, refletindo os impactos de juros elevados e desafios econômicos persistentes.
A taxa básica de juros, que encarece o acesso ao crédito no país, foi elevada para 14,25% na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. Na ata da última reunião, o colegiado apontou a possibilidade de novos aumentos “de menor magnitude” neste ano.
Ainda segundo a CNC, o subindicador de Intenções de Investimentos também recuou, com queda de 1,1% em relação a fevereiro e 2,2% na comparação anual, atingindo 98,1 pontos. Isso, diz, evidencia a preocupação crescente entre os comerciantes.
“Diante desse cenário que a pesquisa nos apresenta, ressaltamos a necessidade de atenção às atuais tendências econômicas e de investimento para que sejam priorizadas medidas que visem à recuperação da confiança do empresariado e à melhoria das condições de consumo no país”, avaliou Felipe Tavares, economista-chefe da entidade.
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Essa tendência também se reflete também na Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que registrou queda de 1,4%, mantendo uma sequência de retração pelo sexto mês consecutivo.
“A percepção das famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos alcançou 99,8 pontos, estando abaixo do nível de satisfação pela primeira vez desde novembro de 2024”, disse a CNC.








