
O pessimismo passa longe do discurso do novo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli (foto). Pegando carona na máxima de que "crise é oportunidade", o empresário aconselha pequenos e futuros empreendedores a darem continuidade a seus projetos em 2009. Nogaroli, que já presidiu a Faciap, representando empresários de todo o estado, assumiu a presidência do Conselho do Sebrae/PR na última segunda-feira. Ele quer estimular a postura empreendedora em sua gestão, que vai até o fim de 2010. Em entrevista à repórter Estelita Hass Carazzai, ele contou algumas das ações que pretende levar a cabo nos próximos dois anos.
Como será o ano de 2009 para a pequena e microempresa?
Vai ser um ano de oportunidades. A gente passou por um momento de dificuldade, mas desde que o mundo é mundo há crise, e é nessas horas que as pessoas acabam sendo mais inventivas, mais criativas.
Que marca sua gestão pretende imprimir?
Quero fortalecer a veia do empreendedorismo. Todo mundo tem de ser empreendedor, mesmo quem trabalha em funções que não são aparentemente empreendedoras. Vamos trabalhar muito forte no Empretec, um curso comportamental, que mostra como é ser empresário e muda completamente a atitude das pessoas.
O empreendedorismo, então, não é apenas para quem tem uma empresa?
De forma nenhuma. Ele se manifesta na postura, no comportamento das pessoas. Nós estamos trabalhando forte, por exemplo, com os prefeitos do interior, porque eles são gestores da principal força econômica do município, da principal empresa, que é a prefeitura. Eles têm de ter uma visão empresarial dessa estrutura, para dar a ela o alcance social devido. Vamos trabalhar com professores também. Precisamos consolidar essa transformação no mundo do trabalho, porque, na verdade, não existe mais empregado; as pessoas trabalham por resultado, por produtividade. No fundo, todo mundo vai virar empresário. Se você não produzir, você não ganha.
Há algum projeto do Sebrae para garantir a sobrevivência da pequena empresa diante da crise?
Sim. Em 2009, vamos trabalhar com um projeto de sociedades de garantia de crédito. Mesmo antes da crise, a pequena empresa tinha muita dificuldade com garantias. Por isso, vamos instalar no ano que vem duas "cooperativas" de garantia de crédito para a pequena empresa no Paraná. Essas instituições avalizam bons projetos, que sejam viáveis. Isso é até mais rigoroso do que um banco, porque se faz uma boa análise para ver se o projeto é viável e se há capacidade de gestão garantida. Vamos começar pequenos, com um patrimônio de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões. Até o fim de 2010, pretendo implantar cinco ou seis dessas sociedades no Paraná.
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Comércio em baixa
Campo Largo foi escolhida em 2005 para o lançamento do programa "Exporta Cidade", que tinha como objetivo ajudar municípios com bom potencial a tirar proveito do comércio internacional. Após pouco mais de três anos, o projeto federal caiu no limbo e as exportações do município despencaram. De 2006 até 2008, o recuo foi de 88%. De janeiro a novembro deste ano, a cidade embarcou US$ 48 milhões. Foram US$ 196 milhões no mesmo período de 2007 e US$ 386 milhões em 2006.
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A principal causa para essa queda foi o fechamento da fábrica da Tritec, uma produtora de motores para exportação. A unidade foi vendida para a Fiat Powertrain. E o "Exporta Cidade"? Não minimizou a queda, mas cumpriu a função de dar visibilidade ao então ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.
Comércio em alta
Até novembro, o Paraná registrou um superávit de US$ 200 milhões com a China. É a reversão de um déficit de US$ 145 milhões registrado nos primeiros 11 meses de 2007. O saldo positivo foi alcançado graças a um aumento no faturamento com grãos e equipamentos mecânicos. A tendência, porém, é de retorno do déficit. Isso porque os preços das commodities estão em baixa.
Luz
O Grupo Empal, empresa paranaense que fabrica as lâmpadas Empalux, fecha o ano com crescimento acima de 40% no faturamento em relação a 2007. E sem medo de encarar o ano-novo. Boa parte desse desempenho deve-se à capilaridade do grupo em território chinês, onde a empresa terceiriza sua produção com 36 fábricas. De lá, elas despacham 100 contêineres por mês com mercadorias, direto para o Porto de Paranaguá.
Em apuros
A BR Distribuidora cobra na Justiça a dívida de uma usina de álcool de Cambará, no Norte Pioneiro. Em 2006, a subsidiária da Petrobras firmou contratos de pagamento antecipado de álcool com dez usinas do país, duas delas paranaenses. Pelos acordos, as destilarias recebiam o dinheiro com antecedência, comprometendo-se a entregar a produção à BR meses depois e a usina de Cambará não teria cumprido sua cota. Atualmente, diz a BR, não há mais contratos desse tipo em vigor.
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Boa parte das usinas do país tem dificuldades para pagar despesas do dia-a-dia. Embora os preços do álcool estejam em patamar satisfatório, despesas com fertilizantes e herbicidas dispararam na última safra, reduzindo drasticamente as margens de lucro. A situação ficou ainda pior com a crise global, que dificultou a tomada de empréstimos.
A maioria dos investimentos previstos para 2009 será adiada por ao menos um ano. E, no Paraná, seis destilarias continuarão moendo cana nos próximos três meses época de entressafra, em que geralmente param para manutenção para conseguir pagar funcionários e fornecedores.
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"Acreditamos que essa empresa tem um futuro gigante, e não iríamos aceitar uma proposta que não fosse sensacional."
Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Informática, ao comentar a recusa da empresa à oferta de aquisição feita pela chinesa Lenovo. Os chineses ofereceram R$ 18 por ação da Positivo, que terminou a semana cotada a R$ 6,72.



