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O economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, afirmou à Agência Estado que o fraco nível de atividade deve ter provocado em novembro uma queda da produção industrial de 2,7% em relação a outubro e um recuo de 3% sobre o mesmo mês do ano passado. A produção industrial de novembro será divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 6 de janeiro.

"Todos os setores manufatureiros apresentaram uma desaceleração vigorosa em função da retração da demanda doméstica causada pelos efeitos da crise internacional, como a enxugamento drástico do crédito e alta dos juros", afirmou. O dado de novembro tende a ser ainda pior do que o apurado em outubro, que apresentou uma retração de 1,7% em comparação a setembro.

Entre os setores industriais que apresentaram forte queda em novembro, Braulio Borges destacou a redução de 32% da produção de veículos ante outubro como foi apurada pela Anfavea, descontados fatores sazonais. A redução intensa da fabricação de automóveis no mês passado fez com que os estoques de carros nas concessionárias atingissem um patamar equivalente a 26 dias de vendas, de acordo com a Fenabrave.

O setor automotivo influencia muito a produção industrial, pois toda a cadeia, que inclui inclusive o aço feito pelas siderúrgicas, responde por quase 25% a atividade do segmento manufatureiro do País, ressalta o economista. "As medidas que o governo adotou para estimular a venda de veículos deve incentivar a produção industrial a partir do segundo trimestre, pois os estoques apresentam níveis elevados", ressaltou.

De acordo com Borges, se a projeção de queda de 2,7% da produção industrial em novembro ante outubro for confirmada, o setor deve ter registrado uma retração de 4,3% no trimestre que vai de setembro ao mês passado, em termos anualizados.

De acordo com a LCA, no trimestre encerrado em outubro, também numa base anualizada, ocorreu uma elevação de 3,3%, resultado que foi superado pela alta de 10,6% registrada de julho a setembro.

Para dezembro, Braulio Borges prevê que a produção industrial deve diminuir o nível de queda, mas na melhor das hipóteses deve registrar um resultado nulo. "Em função da queda do consumo, as empresas apresentam níveis excessivos de estoques, que de acordo com a FGV, subiram de 8% em setembro para 16% em novembro", comentou o economista. "Há uma deterioração muito rápida do mercado de trabalho por causa da crise, o que é um fator que prejudica a recuperação da demanda e da atividade das fábricas", ressaltou.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho, exibiu uma queda de 0,13% no número de empregos em novembro ante outubro deste ano, pois no mês passado ocorreu uma redução de 40,8 mil vagas no Brasil.

O possível recuo da produção industrial em novembro, seguido da retração de outubro na margem, é mais um fator que deve tornar inevitável o início de um ciclo de distensão monetária pelo Banco Central em 21 de janeiro, ponderou Braulio Borges. Para ele, contudo, o Copom deverá reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual, pois vai iniciar um movimento gradual, que poderá se transformar em reduções de 0,50 ponto porcentual provavelmente a partir a reunião de março, que será encerrada no dia 11 daquele mês.

"Como o BC tem preocupações com a possibilidade da inflação subir no curto prazo devido à forte desvalorização do câmbio registrada nos últimos três meses, a instituição deve manter a cautela para reduzir os juros", comentou. Segundo ele, a Selic deve diminuir em 2,50 pontos porcentuais em 2009, queda que deve ocorrer em sua maior parte no segundo semestre. "A partir de julho, a ação da política monetária terá como foco principal controlar a inflação de 2010. Mas a perspectiva para o IPCA é muito favorável para aquele ano, pois nossa estimativa é que alcance 4%", disse. Segundo a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central, os analistas de mercado esperam que o índice apurado pelo IBGE deve fechar 2010 em 4,54%, resultado muito próximo do centro da meta de 4,5% determinada pelo Conselho Monetário Nacional.

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