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A crise no agronegócio e uma postura mais "econômica" dos consumidores frustraram a expectativa de crescimento dos supermercados do Paraná em 2005. De acordo com a Associação Paranaense dos Supermercados (Apras), o faturamento do setor ficou estável no ano passado, em comparação com 2004, acompanhando o resultado nacional. Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram que o segmento cresceu apenas 0,66% no ano passado, abaixo da expectativa da entidade para o período (entre 2% e 2,5%)

"Os números do Paraná se assemelham aos nacionais. Tivemos um ano de pouco crescimento, em especial no interior do estado, por conta das dificuldades da agricultura", avalia o presidente da Apras, Pedro Joanir Zonta. Ele explica que o desempenho do setor agrícola afetou os supermercadistas nas duas pontas da cadeia. Os consumidores que vivem da agricultura frearam o consumo e o preço das commodities caíram ao longo do ano, em decorrência do excesso de oferta de alguns produtos e da desvalorização do dólar em relação ao real. "O valor da cesta básica, que chegou a custar R$ 50, caiu para até R$ 35 no Paraná. Mesmo que, em alguns casos, o volume tenha crescido, os preços se mantiveram em baixa."

O setor constatou também que os consumidores experimentaram mais marcas populares em 2005, como forma de enxugar o orçamento familiar. Na porta dos supermercados, os consumidores curitibanos confirmam a freada no consumo sentida pelas redes varejistas. Quem não diminui a lista de compras, optou por produtos em promoção e marcas menos famosas para economizar.

É o caso, por exemplo, da auxiliar de serviços gerais Edna Regina do Nascimento. Ela conta que está cada vez mais atenta aos preços na hora de fazer compras. "Estou procurando aproveitar as promoções para economizar. Às vezes mudo de marca para pagar menos, desde que tenha qualidade." Em especial no fim de ano, a auxiliar conta que fechou a carteira. "Deixei de comprar algumas coisas como panetone e frutas secas, por exemplo, porque estavam bem mais caras que no Natal passado."

A costureira aposentada Nina Mota diz que só sai de casa para ir ao supermercado nos dias de promoção e assim consegue gastar menos. "Acompanho pela televisão, e só compro com desconto." A Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) atribui a essa mudança de comportamento um dos fatores que freou o faturamento das redes. "Os clientes voltaram a substituir produtos de marcas de primeira por outros mais baratos. Isso aconteceu, por exemplo, com os panetones", afirma o presidente da entidade, João Carlos de Oliveira.

Mesmo quem admite ter enchido mais o carrinho de compras neste ano, garante que não descuidou do valor total. "Sou um consumista assumido. Gastei bastante no Natal, até mais do que nos anos anteriores", diz o contador Valdenilson da Silva Dutra. Ele diz, no entanto, que procura aproveitar as promoções e, em alguns casos, troca as marcas preferidas por opções mais baratas. "Produtos como arroz, macarrão e cereais eu levo aqueles de marca própria, em geral mais baratos e com a mesma qualidade."

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