BERLIM - A três semanas do início da Copa do Mundo, uma agressão sofrida na última sexta-feira por Giyasettin Sayan, político berlinense de origem turca, reacendeu neste fim de semana a questão sobre a suposta existência do racismo na Alemanha.
Sayan, de 56 anos e membro do Partido da Esquerda, foi atacado na sexta à noite quando saía de seu carro por dois desconhecidos em Lichtenberg, bairro ao nordeste de Berlim considerado reduto dos neonazistas da capital alemã.
Insultando-o, os dois bateram nele com uma garrafa e Sayan teve de ser levado ao hospital, vítima de uma concussão cerebral e outras lesões.
A Polícia não tem, por enquanto, nenhuma pista sobre a identidade dos assaltantes, mas acha que se trata de um ataque racista de ultradireitistas.
A agressão a Sayan e o ataque racista sofrido há um mês por um engenheiro etíope-alemão em Potsdam, nos arredores de Berlim, trouxeram preocupação entre a imprensa.
O ex-porta-voz do Governo alemão Uwe-Karsten Heye advertiu recentemente que no leste da Alemanha existem "No-Go-Areas", ou zonas perigosas para visitantes que não são de raça branca, pois podem ser alvo de grupos neonazistas.
A imprensa alemã se pergunta se o lema do Mundial - "O mundo entre amigos" - é adequado, e como evitar que durante a competição aconteçam ataques xenófobos que prejudiquem a imagem que o governo da Alemanha quer dar, como um país aberto e tolerante.
A polêmica continuará nesta semana, já que amanhã será publicado o relatório anual dos serviços secretos alemães do interior, que constata um aumento do número de neonazistas e de ultradireitistas dispostos a utilizar a violência na Alemanha em 2005.



