O consumo de energia elétrica nos 12 meses encerrados em outubro foi o maior da década, tendo crescido 5% na comparação com os 12 meses anteriores, segundo dados divulgados hoje pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
De acordo com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o incremento de energia consumida nesses 12 meses foi recorde, de 17.861 GWh, para um consumo total de 372.960 GWh.
- Esse crescimento é positivo, se não houvesse aumento é porque estaríamos em recessão - avaliou, rebatendo preocupações com o risco de racionamento se o consumo continuar alto. - Não há problema de desabastecimento, as distribuidoras estão com energia contratada até 2012, mas vamos fazer mais dois leilões para ajustes de oferta em 2011 e 2012, não vai faltar energia - completou o executivo.
Licença para gás
No mesmo dia, a Petrobras conseguiu a licença prévia de instalação de uma unidade de regaseificação de Gás Natural Liquefeito na Baía de Guanabara e para a construção de um duto submarino que será responsável pelo transporte do produto até a estação de compressão em Campos Elíseos, na Baixada Fluminense.
A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa vinha sonhando com essa licença para garantir "a segurança energética do estado". A unidade está prevista para maio de 2008.
Com a licença, dada pela Secretaria de Estado do Ambiente do Rio e pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), a unidade vai receber o GNL importado e transformá-lo em produto gasoso para ser distribuído.
O abastecimento de gás tem sido uma das principais preocupações da Petrobras no país, que vem buscando elevar o aumento do volume importado da Bolívia. O GNL é uma alternativa ao gás boliviano.
Em outubro deste ano, a empresa causou polêmica quando, por ordem do Operador Nacional do Sistema, precisou desviar parte do gás despachado para a CEG, a CEG Rio e a ComGás para usinas térmicas de geração de energia.
Nesta quinta-feira, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu a possibilidade de falta de gás em janeiro, em função da necessidade de envio para as térmicas. Ele, no entanto, disse que não faltará energia elétrica no país .Indústria puxou consumo em outubro
Levando-se em conta somente o mês de outubro, o crescimento do consumo foi de 6% em comparação com igual mês do ano anterior. No acumulado entre janeiro e outubro, o crescimento de consumo de energia elétrica no país é de 5,2%.
Nos 12 meses encerrados em outubro, a indústria responde pela maior parte na energia consumida, com participação de 45,9%, enquanto as residências ficaram com fatia de 4,2% e o comércio, 15,6%. Outros tipos de consumidor ficaram com 14,3%.
A exceção do Sudeste, todas as regiões apresentaram crescimento superior a 5%, com destaque para o Centro-Oeste, que avançou 6,3%. Apesar de registrar alta de 4,7% no consumo, a região Sudeste contou com o bom desempenho de São Paulo, que este ano apresenta taxa de crescimento do consumo de 5,7%. O Estado representa 30% do total de consumo de energia do país.
Tolmasquim ressaltou que os dados levantados em outubro indicam uma mudança no patamar do crescimento de consumo, que estava, em outubro do ano passado, na casa de 3,4%, levando-se em conta sempre os 12 meses encerrados no mês em comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.
O consumo médio residencial de eletricidade também apresenta crescimento. Depois de cair a um nível de 137 Kwh por mês em 2002, devido ao racionamento de energia, atingiu em outubro deste ano 147 Kwh por mês este ano. Apesar da alta, o número ainda está longe do recorde de 179 Kwh/mês anteriores ao racionamento de energia. Acredito que o consumo médio residencial só vai voltar aos níveis pré-racionamento por volta de 2015, afirmou Tolmasquim, acrescentando que o preço mais alto na energia, a maior eficiência dos equipamentos e uma cultura de não desperdício de energia são os três fatores principais para que o consumo médio não cresça tão rápido.



