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O leilão de transmissão de energia promovido nesta sexta-feira pelo governo brasileiro registrou um deságio médio de 31,6 por cento. Empresas do grupo Eletrobras arremataram quatro lotes, enquanto a estatal paranaense Copel surpreendeu com duas vitórias na licitação.

Para o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, o leilão mostrou fortes deságios porque muitas empresas já tinham equipamentos necessários para a construção das linhas, além do ganho de sinergias ter sido considerado em alguns casos.

Hubner destacou a volta da Copel a leilões de energia e a presença de investidores espanhóis na disputa.

Foram licitados nove lotes com quatro linhas de transmissão totalizando 708 quilômetros e 11 subestações a serem construídas em sete Estados brasileiros. Ao todo, os investimentos previstos são da ordem de 700 milhões de reais.

Pela sistemática do leilão, vencia aquele que aceitasse ter a menor receita anual com o empreendimento frente ao valor máximo estipulado pelo governo.

O deságio médio do leilão ficou acima do esperado pela equipe de análise da corretora Brascan, que previa algo entre 25 e 30 por cento, tendo como premissa "uma participação mais conservadora por parte dos investidores estrangeiros".

A Eletrobras foi vencedora nos lotes B e C por meio da RS Energia, controlada pela Eletrosul, e nos lotes G e H, por meio da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). No lote H, inclusive, a estatal ofereceu o maior deságio de todo o leilão: 51 por cento. No lote C, a RS Energia foi a única proponente, com deságio de 0,96 por cento.

"As estatais estão mostrando que têm capacidade de jogar o jogo", disse o diretor da Chesf José Ailton de Lima.

A espanhola Elecnor, que recentemente vendeu parte de seus ativos no Brasil à chinesa State Grid, conquistou o lote E, no Maranhão. O diretor da Elecnor Francisco Padilla disse que a venda dos ativos aos chineses foi "apenas uma reorganização de ativos", e que a companhia deve continuar participando de leilões do setor de energia no país.

"Nosso apetite não diminuiu por conta da crise (na Espanha). A Elecnor manteve sua saúde financeira e nosso interesse é continuar investindo, procurando novos mercados", afirmou Padilla. O Brasil responde por cerca de 15 por cento do faturamento global da Elecnor.

Já a Copel confirmou declarações recentes de seu novo presidente, Ronald Ravedutti, de que a estatal paranaense seria mais agressiva no mercado.

A Copel levou tanto o lote A, uma linha de transmissão entre Araraquara e Taubaté (SP), quanto uma subestação em Cerquilho (lote I), também no interior paulista, com deságios de 35,,91 por cento e de 38,14 por cento, respectivamente.

A vitória da Copel significa a entrada da empresa no mercado de energia na região Sudeste, e corresponde a uma "reorientação estratégica" por parte do controlador da companhia, o governo do Paraná, afirmou o diretor de Engenharia, Edson Sardeto.

Segundo ele, a Copel estudou minuciosamente os projetos e chegou a fazer pré-contratos de fornecimento de equipamentos para conseguir apresentar os maiores deságios no leilão.

Sardeto antecipou que a estatal paranaense deverá participar dos próximos leilões de energia, seja em transmissão ou geração. "Queremos recuperar a nossa fatia de mercado em geração que perdemos... Estamos avaliando todos os empreendimentos."

Em 2002, a Copel tinha 5 por cento do mercado brasileiro de geração de energia. A fatia em 2010 é de 3,5 por cento.

O lote mais disputado no leilão foi o F, correspondente a uma subestação no Mato Grosso. A disputa entre Alupar Investimentos, Engeglobal Construções e Orteng foi para o pregão viva-voz e as três empresas fizeram diversas ofertas até que a Alupar saísse vencedora com um deságio de 13,22 por cento.

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