
Surpreendida no ano passado pela derrota no leilão de concessão da hidrelétrica de Baixo Iguaçu, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) promete continuar disputando todas as licitações de novos aproveitamentos hidrelétricos no Paraná. Enquanto outras estatais, como a mineira Cemig, já participam de leilões de grandes usinas no Norte do país, a receita de expansão da Copel é assumidamente "caseira".
"Pretendemos expandir primeiro dentro do Paraná. Perdemos Baixo Iguaçu, mas não pretendemos perder as próximas. Quando não houver mais opções no estado, vamos buscar alternativas próximas, na Região Sul", diz o presidente da companhia, Rubens Ghilardi. "O Sul ainda tem 20% de todo o potencial hidráulico do país. Os 80% restantes estão no Norte, e o Sudeste praticamente não tem mais o que explorar."
A vedete do próximo leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é a gigantesca usina de Belo Monte, de 11 mil megawatts (MW) pouco menos que Itaipu , a ser construída no Rio Xingu, no Pará. Uma "aventura" descartada por Ghilardi. "Essa usina tende a ser bem mais cara do que se fala, está em um local complicado, deverá enfrentar questionamentos ambientais", lembra o executivo. "Para participar, a Copel tem de ter confiança total, conhecer todos os riscos. Além disso, uma lei estadual obriga a Copel a ser sócia majoritária nesses empreendimentos, e é evidente que ela não será majoritária em uma usina desse porte."
Em casa
Depois que a estatal conquistou, em 2006, a concessão de Mauá, hidrelétrica de 361 MW em construção no Rio Tibagi, o mercado dava como certa a vitória da estatal no leilão de Baixo Iguaçu (350 MW), no Sudoeste do estado. Mas quem levou foi a empresa privada Neoenergia, ao oferecer pouco menos de R$ 100 pelo megawatt-hora a ser gerado pela usina.
A curto e médio prazo, restou à Copel disputar as hidrelétricas de Salto Grande do Chopim (53 MW), no Sudoeste, e Telêmaco Borba (120 MW), no Rio Tibagi. Ambas fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e podem ser leiloadas pela Aneel no próximo leilão "A-5", que negociará a energia a ser gerada a partir de 2014. Mas, como lembra o próprio Ghilardi, essas duas usinas têm enfrentado sérias dificuldades para conseguir suas licenças ambientais. "Somos candidatos às duas usinas. Mas nos últimos anos Salto Grande já entrou três vezes em leilões e foi retirada de última hora, porque não conseguiu a licença ambiental. Telêmaco Borba entrou duas vezes, e também foi retirada", diz o executivo.
Meio ambiente
Mesmo hidrelétricas já licitadas enfrentam questionamentos na área ambiental. A construção de Mauá chegou a ser paralisada pela Justiça e, dez meses após conquistar Baixo Iguaçu, a Neoenergia ainda não conseguiu autorização para iniciar as obras. Para o presidente da Copel, a resistência à construção de hidrelétricas têm feito com que a recente expansão energética brasileira se concentre essencialmente em usinas termelétricas, mais poluentes.
"Se eu não fizer Mauá, posso fazer uma térmica a carvão no centro de Londrina, com potência idêntica. Garanto que nenhum ambientalista vai achar ruim, porque termelétrica não dá ibope. Não vai deslocar ribeirinhos, tem pouca área atingida", diz. "O que se esquece é que uma hidrelétrica agrega inúmeros benefícios para a região. É óbvio que ela tem seu impacto ambiental, tudo tem um impacto. Mas, se eu quero garantir a geração de energia no futuro, preciso escolher pelo que é menos agressivo. E, evidentemente, não é o caso das termelétricas."



