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Uma visita da direção da Copel e de jornalistas às instalações da Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEG) marcou a aquisição da termelétrica, que era controlada pela norte-americana El Paso. Concluída em 2002, a UEG nunca produziu energia e foi objeto de uma disputa judicial que terminou nesta semana, com a aquisição do controle acionário pela Copel. Com a formalização do negócio, que ocorreu ontem, a Copel pode dar início aos investimentos previstos de R$ 11 milhões para que a unidade geradora comece a funcionar, e de até 40 milhões para torná-la "flex", ou tricombustível, capaz de funcionar movida a gás natural, diesel e o novo biodiesel conhecido por Hbio.

Inaugurada em 30 de setembro de 2002, a usina funcionou apenas por 100 horas, a título de teste. A sua utilização para a geração de energia nunca ocorreu por dois motivos, segundo o engenheiro Raul Munhoz Neto, diretor de geração da Copel: a incapacidade das turbinas à gás de trabalhar com a oscilação da freqüência elétrica brasileira, que poderia causar uma pane em todo o sistema elétrico do país – uma vez que ele funciona de forma interligada –, e a incompatibilidade das turbinas em trabalhar com o tipo de gás oferecido pela Petrobrás na época. Para solucionar este problema uma unidade de tratamento de gás foi construída, anexa à usina.

Segundo o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, o primeiro passo da empresa será o trabalho nas turbinas para resolver o problema da subfreqüência. A adequação vai ser feita em duas etapas, a primeira por técnicos da Copel e a segunda com a presença da fabricante, a Siemens Westinghouse. A expectativa é que a usina possa começar a operar em janeiro de 2007. "A usina vai começar a vender energia ao mercado brasileiro em 2008, mas antes disso pode vender através de acordos. Pelo nosso cronograma, a expectativa é que ela comece a funcionar a partir de janeiro de 2007", disse o presidente durante a visita.

Além dos ajustes nas turbinas, a Copel vai dar início ao projeto da conversão da usina em tricombustível. A conversão foi a saída encontrada para que a usina não corra o risco de se tornar inviável em função do preço do gás, que vem subindo desde o anúncio da nacionalização das reservas bolivianas pelo presidente Evo Morales. Não há, no entanto, previsão para o início da utilização das fontes alternativas de combustível, que seriam o diesel e o Hbio, fornecido pela Petrobrás a partir de 2007, conforme anúncio da ministra chefe da casa civil, Dilma Roussef, na terça-feira.

Para adquirir o controle acionário da UEG, a Copel pagou US$ 190 milhões (R$ 431 milhões) pelas ações da americana El Paso, que tinha 60% dos papéis. A companhia paranaense passou a deter 80% das ações, ficando a Petrobrás com os 20% que tem desde 1998, quando a UEG Araucária Ltda. foi constituída. O acordo pôs fim a uma disputa judicial entre o governo do estado e a americana El Paso, que começou quando a usina foi entregue, mas não foi posta em operação. Como o contrato do tipo "take or pay" previa pagamento mesmo sem o uso da energia, a Copel chegou a pagar R$ 75 milhões a El Paso, entre outubro e dezembro de 2002. Depois disso suspendeu os pagamentos, e entrou na Justiça.

Como aporte inicial para a construção da UEG, a El Paso entrou com R$ 479,7 milhões, a Copel com R$ 140,3 milhões e a Petrobrás com R$ 153,1 milhões. Só a unidade de tratamento de gás consumiu U$ 43 milhões. Em 2005, no entanto, a unidade tornou-se desnecessária, já que a Petrobrás passou a fornecer, direto no gasoduto, gás compatível com as condições técnicas da usina.

Somados o investimento inicial, a quantia paga a El Paso, o valor da aquisição e os investimentos previstos até 2008 a UEG exigiu R$ 697,6 milhões da Copel. A expectativa do presidente da empresa é de retorno em 15 anos, que coincide com a vida útil da unidade.

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