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O presidente do Banco Central, Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: gestão do governo nas contas públicas é vista como empecilho para queda maior nos juros.
O presidente do Banco Central, Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: gestão do governo nas contas públicas é vista como empecilho para queda maior nos juros.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidirá nesta quarta-feira (13) a nova taxa básica de juros. A tendência é seguir o comportamento das reuniões desde agosto e promover um corte de meio ponto percentual na taxa Selic, levando-a para 11,75% ao ano, o nível mais baixo desde março de 2022.

A inflação em queda facilita a queda nos juros. Divulgado nesta terça (12), o IPCA de novembro mostrou novo recuo na taxa acumulada em 12 meses, agora em 4,68%. O mercado financeiro prevê que o índice fechará o ano em 4,51%, e projeta 3,93% para o fim de 2024, segundo a mediana das expectativas.

Por outro lado, o comportamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na gestão das contas públicas é visto como obstáculo para quedas mais fortes na Selic.

Para os economistas do Bradesco, as atenções estarão voltadas principalmente para as sinalizações dos próximos passos do ajuste, em meio à redução dos riscos para o cenário desde a última reunião do comitê, em novembro.

"As taxas de juros mais longas (de longo prazo) nos países desenvolvidos e os preços do petróleo recuaram. Além disso, a inflação corrente continua em queda", complementam os economistas da XP Investimentos.

O cenário externo mais comportado atenua a surpresa gerada pelo PIB no terceiro trimestre – que variou 0,1% sobre o trimestre anterior em meio a expectativas de retração – e pela resiliência do mercado de trabalho.

Um ponto de atenção sobre o qual o colegiado vai se debruçar é o quadro fiscal, depois que a meta do déficit zero para o próximo ano foi colocada em xeque por integrantes do governo. "Essa avaliação é importante, sobretudo pela sua importância para a reancoragem das metas de inflação", avalia o economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso.

Petistas defendem que governo gaste mais e descumpra meta fiscal

No fim de semana, em conferência eleitoral do PT para 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a diretoria do BC – que compõe o Copom – de "durona" e "pouco arejada", se queixando de que ela só começou a baixar os juros em agosto.

Porém, no mesmo encontro, colegas de partido – como a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente da legenda, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE) – deram declarações que tendem a reforçar a preocupação do Banco Central com a política fiscal e, por consequência, sua cautela na condução da política de juros.

Gleisi e Guimarães defenderam que o governo abra mais a torneira do gasto público e descumpra a meta de resultado primário zero em 2024. O objetivo, segundo eles, é impulsionar o crescimento econômico e ajudar o PT a vencer eleições municipais.

O Diretório Nacional do partido, além disso, aprovou resolução defendendo que o país deve "se libertar urgentemente da ditadura do Banco Central independente".

A situação fiscal é o empecilho para mudanças mais fortes na política monetária, segundo o coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. "O Banco Central vai manter com parcimônia a política de redução de juros para não perder a margem de manobra que tem."

O ritmo de cortes deve ser mantido, pelo menos, até março do próximo ano, avaliam os estrategistas Maurício Une e Renan Alves, do Rabobank. "Os núcleos da inflação continuam a recuar lentamente", destacam eles.

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