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São Paulo – Os trabalhadores da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) decidiram ontem entrar em greve imediatamente e por tempo indeterminado devido ao início das demissões de funcionários da unidade. Durante assembléia, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC propôs e os trabalhadores aceitaram que a partir do turno da tarde os funcionários entrarão na fábrica, mas permanecerão sem trabalhar. O sindicato e a comissão de fábrica devem dar novas orientações aos trabalhadores amanhã. Com a greve, a fábrica deixa de produzir 940 veículos por dia.

Mesmo com a pressão do governo – que anteontem decidiu suspender um empréstimo de R$ 500 milhões do BNDES para a montadora, enquanto a empresa não entrar em acordo com os trabalhadores –, a Volkswagen não recuou e começou a distribuir cartas para avisar os trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) que serão demitidos a partir de 21 de novembro, quando acaba o acordo de estabilidade de emprego na unidade.

A empresa não informou quantas pessoas já receberam as cartas de demissão. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estima que 1,3 mil funcionários e outras 500 pessoas que estão no centro de capacitação da fábrica foram informados que serão cortadas.

A empresa quer que o sindicato aceite a demissão de 3,6 mil dos 12,4 mil trabalhadores da unidade e quer a redução dos direitos trabalhistas dos funcionários que ficarem. Ou então ameaça fechar a fábrica de São Bernardo e demitir até 6,1 mil. A decisão dos trabalhadores será levada à matriz da Volks, na Alemanha, que decidirá em setembro seu novo plano de investimentos.

A Volks afirma que sem os cortes a fábrica não será competitiva o suficiente para receber novos investimentos, o que culminaria em seu fechamento "no curto prazo".

A empresa ainda não informou que posição vai tomar frente à decisão do governo de suspender o financiamento do BNDES, anunciada na noite de ontem.

Antes da decisão do governo, entretanto, consultores do setor automobilístico já alertavam para o alto custo que a empresa teria com o fechamento da fábrica poderia inviabilizar essa decisão.

O plano de demissão incentivada da Volks prevê que os demitidos recebam 0,4 salário por ano trabalhado na empresa, valor considerado baixo pelo sindicato.

Já os que permanecessem na Volks teriam que aceitar mudanças no banco de horas. A empresa não pagaria nada àqueles que fizessem até 200 horas extras em um ano e só pagaria hora cheia para os que trabalhassem mais de 400 horas acima da jornada.

Funcionários que cometerem erros na produção teriam que trabalhar até oito horas gratuitas por semana para compensar a empresa. Além disso, o desconto no salário para pagamento do plano de saúde subiria de 1% para 3% da renda mensal.

A Volks culpa a desvalorização do dólar pelas demissões. Inicialmente a empresa havia informado que planejava demitir entre 4 mil e 6 mil funcionários até 2008 nas unidades do ABC, Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR).

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