As instalações do S.A. Cortume Curitiba antigamente o quinto maior curtume do mundo, com faturamento anual de US$ 70 milhões (cerca de R$ 140 milhões hoje) devem ir a leilão no próximo dia 12. É a segunda tentativa este ano de vender o imóvel, com terreno de 242 mil metros quadrados e edificações de mais de 28 mil metros quadrados, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A primeira, marcada para o mês de março, foi impugnada pelo atual inquilino, a empresa Sul Defensivos Agrícolas.
A impugnação ocorreu porque o edital que anunciava o leilão, publicado em diversos jornais, não citava um agravo pendente no Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná. Trata-se de uma ação movida pela Sul Defensivos, que no ano passado apresentou a melhor proposta num processo de venda diferente do leilão. Na ocasião, a empresa ofereceu cerca de R$ 15,1 milhões pelo imóvel, com pagamento de créditos de restituições e passivo trabalhista. O Ministério Público (MP), no entanto, se manifestou contrário a esta venda, e a Sul Defensivos Agrícolas recorreu, propondo o agravo ao TJ.
Se o Tribunal decidir a favor da empresa, o processo de venda interrompido no ano passado será retomado, e o leilão será cancelado, mesmo que já tenha sido realizado. "Foi por isso que a empresa impugnou aquele edital, para não prejudicar quem arrematasse o imóvel em leilão, já que faltavam informações", explica o síndico da massa falida do curtume, o advogado Brazílio Bacellar Neto. Segundo ele, o agravo proposto pode ser julgado ainda antes da realização do leilão. "Ele já foi encaminhado para a sessão", disse ele ontem, após consultar a pauta do TJ.
Fundada em 1941 como uma empresa familiar de "fundo de quintal", o Cortume Curitiba alcançou faturamento anual de US$ 70 milhões e, no auge de suas atividades, empregou 1,3 mil trabalhadores. O curtume acumulou dívidas nos anos 80 e início dos 90 e teve a auto-falência confirmada em 1995. Segundo o advogado Bacellar Neto, a "má administração, as dificuldades surgidas na vigência dos planos Collor e Real, com a sobrevalorização do câmbio que inviabilizou as exportações 90% da produção era exportada e a insolvência do curtume", são os principais causadores do processo de derrocada da empresa.



