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Ensino superior

Crédito barato, mas com riscos

Financiamento oficial para pagar a faculdade cobra juro de apenas 3,5% ao ano. Mas, se o primeiro emprego não vier logo, será difícil pagar as prestações

A contabilista Daiane Luz dos Santos, com o canudo e as faturas do Fies: “Sem o financiamento, eu realmente não teria conseguido terminar o curso” | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
A contabilista Daiane Luz dos Santos, com o canudo e as faturas do Fies: “Sem o financiamento, eu realmente não teria conseguido terminar o curso” (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)
Conheça algumas alternativas para financiar o Ensino Superior |

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Conheça algumas alternativas para financiar o Ensino Superior

Quando a mensalidade da faculdade particular fica maior que o sonho de se formar, a solução pode ser partir para um financiamento. Além do Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (Fies) – programa oficial operado pela Caixa Econômica Federal –, existe a possibilidade de recorrer ao mercado, com as linhas de crédito dos bancos comerciais, ou ainda às alternativas oferecidas pelas próprias faculdades para manter o aluno na sala de aula.

Mas, como todo financiamento precisa ser quitado um dia, é preciso atenção às taxas de juros, que variam de 3,5% a quase 40% ao ano, e ao detalhe que o próprio perfil deste tipo de financiamento embute um risco. Isso porque, normalmente, as parcelas só começam a ser pagas após a conclusão do curso. Assim, se o primeiro emprego não vier logo após a formatura, pode ficar difícil quitar o financiamento. E, mesmo se o emprego vier, é preciso levar em conta que um recém-formado quase sempre ingressa na profissão nas faixas salariais mais baixas.

Em todo o país, o Fies tem mais de 485 mil contratos ativos, e soma quase 563 mil financiamentos desde seu início. No Paraná, são 43,5 mil contratos ativos e mais de 50 mil beneficiados. Em 2009, o Fies firmou 32,6 mil novos contratos, totalizando aproximadamente R$ 80 milhões em crédito. O volume, no entanto, representa apenas 16% dos 200 mil contratos que o Fies pode oferecer.

A contabilista Daiane de Marafigo Luz dos Santos ingressou no ano de 2004 no curso de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Segundo ela, depois de um ano e meio o valor da mensalidade, somado ao financiamento do apartamento e às prestações do carro, ficou inviável. "Durante o curso, trabalhava durante o dia no setor de cobrança de uma empresa e estudava à noite. Conseguia pagar a metade da mensalidade, mas não toda. A solução então foi recorrer ao Fies", conta.

Os estudos foram financiados com juros de 3,5% ao ano e prazo de carência de seis meses após a conclusão do curso. Hoje, com o diploma nas mãos e trabalhando na área financeira, Daiane paga as parcelas de R$ 244 do financiamento, previsto para terminar em janeiro de 2014. "Parece bastante tempo, mas o prazo é adequado e as parcelas cabem no orçamento. Sem o financiamento, eu realmente não teria conseguido terminar o curso", avalia.

A jornalista Eloise Donatti, que se formou em 2005 pela Universidade Positivo e hoje mora no Canadá, também aponta a facilidade no acesso como ponto positivo do Fies. "Se você não tem condições para começar a pagar uma faculdade, o financiamento dá uma boa mão", diz. Mas, segundo ela, nem tudo é perfeito. "O problema vem depois, quando você faz as contas e vê quanto realmente custou, bate o arrependimento. No meu caso, com o financiamento, gastei R$ 8 mil a mais em relação ao valor total do curso", diz.

O estudante Eduardo Grassi Gogola também recorreu ao Fies para continuar cursando Direito. Com outros dois irmãos também matriculados na mesma graduação, as mensalidades ficaram pesadas no orçamento dos pais, responsáveis pelo pagamento dos estudos.

Sua preocupação agora é se terá tempo suficiente para se estabilizar economicamente depois de se formar, antes de iniciar o período de pagamento das parcelas em 2011. "Em Curitiba, o salário médio bruto para um advogado em início de carreira é de R$ 1.250. Com o salário líquido, creio que será bem difícil pagar o Fies", prevê.

Adesão

Para ingressar no Fies, o candidato precisa participar de um processo seletivo que leva em consideração seu perfil socioeconômico através da análise de documentos. O programa é operado pela Caixa Econômica e, desde janeiro deste ano, também pelo Banco do Brasil. O cronograma de inscrição é determinado pelo Ministério da Educação, que deve divulgar os prazos para o ano letivo de 2010 em meados deste mês.

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