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NOVIDADE | Mauro Campos
NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

Expansão vai contaminar outros setores

Os bons resultados da construção civil devem gerar um círculo virtuoso nos próximos meses. "Como estamos no início do processo de retomada, por enquanto quem mais está lucrando é quem fabrica materiais básicos, como aço e cimento. Dentro de um ano, o mercado vai ficar mais parecido, a expansão vai chegar à hidráulica e acabamentos, por exemplo", diz o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco), Cláudio Elias Conz.

Mas a tendência é de que os resultados do aquecimento da construção não se limitem ao setor. Quando a casa é nova ou ficou mais bonita, geralmente ganha novos móveis e eletrodomésticos. "É um efeito cascata positivo. Um bom sinal para o setor moveleiro e madeireiro, que está penando com a valorização do real", diz o professor de Política Econômica e Microeconomia da Unifae, Eugênio Stefanelo. O especialista lembra que, apesar de o momento ser positivo, há espaço para a economia brasileira e o setor de construção civil crescerem ainda mais. "Estamos distantes da realidade de outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o crédito imobiliário equivale a 70% do PIB. Aqui fica em torno de 2%. Nossas taxas de juros ainda são muito altas e limitam o investimento."

Juros em queda, renda em crescimento e bancos emprestando dinheiro como nunca para a casa própria: a economia conspira a favor da construção civil. No embalo do aumento do crédito e dos lançamentos imobiliários, quem produz ou vende materiais de construção não tem do que se queixar. A indústria de materiais de construção faturou 12,6% a mais nos oito primeiros meses deste ano. No varejo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os resultados nacionais foram 13,2% melhores no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2006. E o melhor: a expectativa é que seja só o começo.

Um mix de fatores tem contribuído para que os resultados do setor fiquem tão acima do crescimento previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano, em torno de 4,5%. Com a estabilidade da economia e alterações nas regras dos contratos (que aumentaram as garantias para os bancos em caso de inadimplência), os bancos estão batendo um recorde atrás do outro no financiamento de imóveis. Até agosto, os financiamentos contratados somaram R$ 10,3 bilhões, um crescimento de 73,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, a renda do brasileiro e o crédito para a pessoa física também cresceram: a massa salarial real ficou 5,2% maior no segundo trimestre deste ano e o saldo de operações de crédito do sistema financeiro para pessoas físicas cresceu 26,5%.

Com mais dinheiro disponível, pipocaram os lançamentos imobiliários. Só em Curitiba, houve um aumento de 30% nos lançamentos de apartamentos este ano. "Sem dúvida este é um ótimo momento para o nosso setor", resume o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco), Cláudio Elias Conz. Os resultados têm sido tão positivos que os fabricantes de matéria-prima para construção civil estudam a possibilidade de rever para cima, pela segunda vez, a estimativa de ganhos deste ano. "Começamos o ano com uma expectativa de 8% de crescimento, elevamos para 10% e agora devemos reajustar para 12%", informa o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox.

Não são apenas os imóveis novos que vêm aquecendo o mercado. Para o varejo, tão importante quanto o crédito imobiliário é o aumento do crédito pessoal e da renda. "As pequenas construções e reformas compõem boa parte do faturamento das lojas. Quanto maior a facilidade de crédito, mais as pessoas gastam. E, hoje em dia, com as facilidades de pagamento, é difícil entrar em uma loja de materiais de construção e sair sem um pacote de compras ou uma encomenda", informa Fox.

Continuidade

A perspectiva de manutenção de oferta de crédito e redução da taxa de juros anima o setor da construção. Mas a indústria e o varejo de materiais contam também com a concretização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para crescer ainda mais. "O PAC ainda não está influenciando os nossos resultados, porque está muito atrasado. Assim que as obras começarem, teremos resultados ainda melhores", prevê o presidente-executivo da Abramat.

Além de criar uma demanda por materiais para as obras de infra-estrutura, o PAC gera expectativa pela criação de empregos, já que a construção civil, junto à agricultura, é um dos setores que mais emprega. "Sentimos rapidamente qualquer melhoria na renda da população", diz Fox. Segundo ele, o crescimento do setor neste ano era esperado. "Depois de 14 meses consecutivos de crescimento, percebe-se que estamos em um processo consistente. Não é um boom, é a retomada, 20 anos depois, de um processo de redução de déficit", avalia.

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