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O volume de crédito imobiliário liberado no ano passado pelos bancos privados atingiu R$ 4,8 bilhões, o maior desde o início da década. O cálculo é da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que anuncia perspectivas ainda melhores para 2006: o montante financiado pode crescer cerca de 50%, chegando a quase R$ 7 bilhões. Nas contas do Ministério da Cidades, serão R$ 6,7 bilhões – que, somados aos recursos da Caixa Econômica Federal, atingem R$ 17 bilhões, volume 21% superior ao total de R$ 14 bilhões liberados em 2005.

As notícias tendem a agradar principalmente a classe média, que desde o último trimestre do ano passado passou a ser contemplada com juros reduzidos na aquisição de imóveis de até R$ 120 mil. A indústria da construção civil – que há anos não emplaca resultados expressivos – também comemora o aumento do crédito.

Em 2004 e 2005, os empréstimos cresceram 36% e 57%, respectivamente. "O crescimento é resultado de três fatores principais", diz o superintendente técnico da Abecip, José Pereira Gonçalves. "São eles o aumento geral de crédito no mercado, a percepção de que o crédito imobiliário ajuda a fidelizar clientes e as leis aprovadas desde 2004, que aumentaram as garantias tanto para os bancos quanto para os mutuários."

"As condições macroeconômicas estão ajudando para que o consumidor fique mais confiante em assumir um financiamento de longo prazo", acrescenta Mauro Adriano da Costa, superintendente adjunto de crédito imobiliário do Banco Santander, cujo volume de empréstimos com recursos de poupança cresceu 58% no ano passado.

Há, ainda, outro estímulo para que os bancos se agilizem na aplicação de recursos em crédito imobiliário: uma determinação do Banco Central os obriga a direcionar 65% de todo o dinheiro captado em caderneta de poupança para o financiamento da casa própria. Sob o argumento de que não havia mercado para absorver todo esse montante, em 2005 eles entraram em acordo com o BC para estabelecer metas de crescimento de até 50% nos valores liberados em relação ao ano anterior – deixando de lado, temporariamente, a regra dos 65%.

Como o mercado mostrou-se mais favorável do que se esperava, todas as metas foram superadas. O Itaú, por exemplo, divulgou que no ano passado duplicou os empréstimos em relação a 2004 e ainda conseguiu financiar R$ 600 milhões a mais do que a lei estipula. Com o cenário favorável, é bem provável que o BC volte a exigir o direcionamento de 65% da poupança este ano. Tudo vai depender das conversas com a Abecip e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

A exemplo do que ocorre com os bancos privados, a verba da Caixa Econômica para a habitação – composta principalmente por recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Orçamento Geral da União (OGU) – também vai crescer em 2006, segundo o gerente de mercado no Paraná, Ubiraci Rodrigues. Serão 10,3 bilhões, orçamento que inclui R$ 2 bilhões originados da caderneta de poupança. Somente nos primeiros dez dias de janeiro, o banco emprestou R$ 220 milhões, 70% a mais que no mesmo período de 2005.

Em todo o ano passado, a Caixa liberou R$ 9,2 bilhões dos R$ 10,1 bilhões disponíveis para a habitação. "Dinheiro teve. Disso não podemos reclamar. Mas as incorporadoras, construtoras e os próprios bancos tiveram dificuldades para se adaptar à nova realidade", avalia Júlio de Araújo Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR). "Agora eles estão mais preparados, principalmente para atender as pessoas de renda entre 5 e 10 salários mínimos, um público ávido por moradias."

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