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O balanço parcial de 2006 e as previsões para 2007 indicam que o setor de máquinas agrícolas ultrapassou a fase mais aguda da crise que derrubou as vendas em 2003. A Associação Nacional dos Fabricantes dos Veículos Automotores (Anfavea) divulgou ontem números que mostram recuperação gradual nas vendas internas. Novembro foi o sétimo mês positivo, com 46,4% de aumento no comércio. No acumulado de 11 meses, a recuperação do setor ficou em 8,9%. Na avaliação da Anfavea, os índices continuarão em alta no ano que vem, elevando as vendas internas em 14%, de 25,5 mil para 29 mil máquinas agrícolas.

Os números de 2006 são positivos o suficiente para se dizer que o pior já passou, avalia o vice-presidente da Anfavea, Pérsio Luiz Pastre, que monitora o setor agrícola. "Considerando que os dois últimos anos foram de crise, a elevação representa pouco. O agricultor não está conseguindo investir na mecanização agrícola", conclui. Para a situação ser considerada boa, ele diz que as vendas precisam chegar a 35 mil máquinas por ano. Em 2002, foram vendidas 42 mil unidades.

A vendas internas foram melhores que as exportações, que caíram 30,4% neste ano, na comparação com o período de janeiro a novembro do ano passado. Por mês, são exportadas cerca de 700 máquinas a menos que em 2005. Para o mercado internacional, a Anfavea não prevê recuperação durante 2007.

Ociosidade

Diante da queda nas exportações e do crescimento lento nas vendas internas, a indústria reduziu a produção e opera com grande folga. Nem metade da estrutura vem sendo usada para a fabricação de 25 mil máquinas por ano. No Rio Grande do Sul, estado que poderia produzir sozinho o total comercializado no país, 9 mil pessoas foram demitidas neste ano, segundo o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas gaúcho.

O aumento nas vendas internas é puxado pela ampliação das lavouras de cana-de-açúcar no Sudeste e pelas boas perspectivas para a produção de grãos no Sul e no Centro-Oeste, avalia Pastre. "O Sul começa a tomar fôlego e a tendência é de melhora: o custo de produção caiu, o câmbio deve se manter até a colheita de verão, há segurança contra pragas e a meteorologia prevê chuvas."

Na montadora de tratores e colheitadeiras Case-New Holland, instalada na Cidade Industrial de Curitiba, até outubro as vendas ao mercado interno somaram 3,7 mil máquinas. A produção, no entanto, foi de 6,9 mil tratores e 695 colheitadeiras. As 3.524 máquinas exportadas entre janeiro e outubro representam três vezes o volume embarcado em 2002. Os diretores da empresa devem falar na próxima semana sobre os novos números da Anfavea e as tendências para 2007. A empresa direcionou parte do excedente à exportação.

Apesar da retomada prevista para 2007, "não há perspectiva de abertura de vagas", diz Francisco Matturo, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq). Ele diz que elevação gradual nas vendas teve pouco impacto na receita. "O faturamento em anos bons é de R$ 1 bilhão, e neste ano teremos R$ 400 milhões", compara.

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