
A crise econômica internacional fez com que 16% dos brasileiros que têm planos de previdência privada deixassem de alimentar suas poupanças para aposentadoria nos últimos meses. O índice é maior do que a média global, de 11%, segundo os dados da pesquisa "O futuro da aposentadoria, tempo de se planejar", divulgada ontem pelo HSBC.
Nestes índices, segundo o presidente da HSBC Seguros, Fernando Moreira, estão pessoas que perderam seus empregos ou que ficaram com medo de perdê-los e, por isso, deixaram de poupar para pagar dívidas. Do outro lado, uma pequena parcela da população passou a investir mais atentos, por exemplo, à perda de valor dos fundos de renda fixa. "De modo geral, a crise fez as pessoas questionarem as suas estratégias de investimento de longo prazo para aposentadoria", diz o executivo. "Muita gente questionou, por exemplo, se era o momento de sair da renda variável ou não."
A pesquisa do HSBC mostrou ainda que 45% dos brasileiros espera que a desaceleração da economia, provocada pela crise, vá durar menos de 12 meses. A média global é de 29% nos Estados Unidos, o índice cai para 23% e na Índia, chega a 59%.
Sem planos
A pesquisa traz um dado alarmante: 94% dos brasileiros não têm nenhuma ideia de como serão seus rendimentos na velhice a média global é de 87%. "A maioria das pessoas é imediatista, e não se dá conta de que um belo dia vão se aposentar e precisam garantir uma renda para esse período", alerta Moreira.
As dívidas aparecem entre os principais obstáculos para poupar apresentados pelos brasileiros 23% das pessoas ouvidas. Outros 22% dos entrevistados dizem que gostariam de procurar aconselhamento financeiro para ajudá-los a fazer as melhores escolhas de investimentos. A pesquisa mostra ainda que 40% dos brasileiros são favoráveis à criação de isenções fiscais que incentivem o acúmulo como forma de previdência privada.
Para o presidente do HSBC Seguros, a mudança desse cenário depende de uma atuação em conjunto do governo, das instituições financeiras e das empresas, além de uma mudança de hábito individual. "É preciso investimento em educação financeira, por parte das instituições com seus clientes e empresas com seus funcionários", diz o executivo, que também defende a implantação de políticas públicas que incentivem a poupança para a aposentadoria. "A sociedade como um todo precisa refletir sobre como as pessoas estão se preparando para a velhice."
Esta é a quinta edução da pesquisa. Neste ano, foram ouvidas 14 mil pessoas em 15 países, de 30 a 70 anos, sendo 1.070 no Brasil.



