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Pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral (FDC) mostra que muitas empresas brasileiras aproveitaram a crise de 2015-6 para reforçar sua estratégia de internacionalização, e investir mais fora do Brasil. O levantamento feito com 69 empresas de médio e grande porte mostra que 71,9% das companhias ampliaram seus investimentos lá fora. Só 39% ampliaram no país. 

Os principais motivos destacados para expandir os investimentos lá fora são o aumento das vendas, o aumento da carteira de clientes, e a mitigação dos riscos com a diversificação geográfica 

Os resultados obtidos com essa estratégia estão agradando. A margem de lucro das operações internacionais das empresas brasileiras aumentou de 8,8%, em 2016, para 12,4%, em 2017. No mesmo período, as operações no mercado interno tiveram uma melhora menor: a margem passou de 11,7% para 12,7%. 

Segundo a professora Lívia Barakat, uma das coordenadoras do estudo: 

Historicamente, é comum observar que as empresas brasileiras têm melhor desempenho nas suas operações domésticas se comparadas às internacionais. Este ano, notamos que as empresas brasileiras tiveram margens de lucro muito similares em ambos os mercados e se mostraram mais satisfeitas com itens do desempenho financeiro no mercado internacional. Esse fator pode ser atribuído em parte aos efeitos da crise econômica no mercado brasileiro.”

Outro fator que contribuiu foi o crescimento dos mercados norte-americano e europeu. No ano passado, o PIB norte-americano teve uma expansão de 2,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), e a União Europeia, 2,4%. Para este ano, a expectativa de expansão dessas duas regiões é de 2,9% e 2% 

Internacionalização é irreversível

A especialista da FDC, aponta que o processo de internacionalização das empresas brasileiras é irreversível. “É uma estratégia de crescimento e diversificação de riscos cada vez mais utilizada pelas empresas brasileiras.” Pesquisas feitas pela instituição mostram que o grau médio de internacionalização passou de 17,5%, em 2006, para 24,3%, em 2018. 

Metade das empresas ouvidas pretende entrar em novos mercados e 72% expandir as operações onde atuam nos próximos anos. E, de acordo com Lívia, mais empresas entraram em novos mercados do que saíram no último ano. “Isto reforça esta tendência de crescimento em médio e longo prazo.” 

A estreia dessas empresas no exterior normalmente se dá em países cultural e geograficamente próximos. O Banco do Brasil entrou no Paraguai em 1941; a Tigre, do segmento de materiais de construção, chegou a esse mesmo país em 1977, e o Itaú Unibanco, na Argentina, em 1979. 

Destino

Atualmente, os Estados Unidos são o principal destino das empresas brasileiras no exterior. O Reino Unido, apesar do Brexit, é o principal na Europa, e a China, na Ásia. “No ano passado muitas empresas entraram na Argentina, Colômbia, México, Emirados Árabes Unidos, China e Índia.” 

O perfil das que estão avançando nas estratégias de internacionalização não é uniforme. A coordenadora do estudo ressalta que empresas de portes e setores variados estão indo para o exterior. Há uma desconcentração, destaca ela. “Enquanto no passado se observava uma concentração maior de empresas do setor de commodities, hoje vemos empresas de serviços, tecnologia, varejo.” 

Os benefícios da internacionalização são grandes, destaca Lívia: Além da melhor rentabilidade, as empresas conseguem ter acesso a novas tecnologias, desenvolvimento de competências, aprimoramento de processos, inovação, melhoria de reputação no Brasil e maior atratividade de talentos.

As principais formas usadas para expandir seus mercados no exterior é por meio da criação de novas subsidiárias, o desenvolvimento de franquias ou adquirindo total ou parcialmente players que já atuam no mercado alvo. Foi o que fez a gaúcha Fitesa, que fabrica não-tecidos para as áreas de higiene, especialidades médicas e industriais, para entrar nos Emirados Árabes Unidos. 

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