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Banco Central

Crise “ajudou” as contas externas

Ritmo lento do comércio internacional fez com que o país registrasse o primeiro superávit corrente dos últimos 18 meses

Para Altamir Lopes, do BC, bom resultado não é reversão de tendência | Marcello Casal Jr/ABr
Para Altamir Lopes, do BC, bom resultado não é reversão de tendência (Foto: Marcello Casal Jr/ABr)

Brasília e São Paulo - A crise econômica acabou ajudando, pelo menos em abril, os dados referentes às contas externas brasileiras. As quedas de 12,34% nas exportações, 30,12% nas importações e de 53% nas remessas de lucros e dividendos das multinacionais ajudaram o balanço de pagamentos a ter superávit pelo terceiro mês seguido.

O saldo comercial no mês passado foi de US$ 3,712 bilhões, um crescimento de 114% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 109% em relação a março de 2009. Embora tenha disparado, ele reflete o impacto da crise no comércio. "No mês passado, por exemplo, o nível de atividade foi menor que no ano passado, e, com um dólar mais caro, comprou-se menos insumos importados", explica o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores.

Os dados do comércio exterior estão reunidos nas chamadas "transações correntes", que também contabiliza serviços e transferências unilaterais. Também por causa do resultado do comércio exterior, a também chamada "conta corrente" apresentou o primeiro superávit desde setembro de 2007, registrando US$ 146 milhões.

Apesar do superávit nas transações correntes, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que o resultado "não chegou a surpreender". Ele espera que essa conta tenha déficit de US$ 2,3 bilhões em maio, uma vez que as remessas de lucros e dividendos em maio estão acelerando e já somam, até ontem, US$ 2,387 bilhões. Além disso, a balança comercial apresenta resultados fracos em relação a abril.

Segundo ele, o resultado de abril foi positivo, mas não significou uma reversão de tendência. Concorda com essa tendência o economista do Banco BBM, Luís Fernando Horta. "Para maio, estamos ainda fechando as contas, mas deve haver déficit."

"Ninguém espera que esse superávit (em transações correntes) veio para ficar", afirmou Pessoa, da LCA. Mas, por outro lado, o economista avalia que, mesmo com déficit nessa conta, as condições de financiamento tendem a melhorar ao longo do ano. "É possível que a pior parte das condições de financiamento ficaram para trás."

Investimentos

A conta "capital e financeira", que reúne o fluxo de investimentos, também colaborou para o saldo positivo do balanço de pagamentos, com superávit de US$ 1,905 bilhão. Por essa conta, houve a entrada de US$ 3,409 bilhões de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) em abril, valor ligeiramente inferior ao registrado em igual mês do ano passado, quando a entrada somou US$ 3,872 bilhões.

As remessas de lucros e dividendos somaram US$ 1,716 bilhão em abril, resultado 53,6% menor do que o verificado em igual mês de 2008. De janeiro a abril, as remessas somam US$ 5,273 bilhões, menos da metade dos US$ 12,358 bilhões registrados em igual período do ano passado.

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