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A crise financeira internacional já provoca desaceleração no processo de internacionalização das empresas brasileiras. Segundo levantamento da consultoria KPMG, em outubro e novembro foram feitas apenas seis aquisições, por companhias brasileiras, de empresa de capital estrangeiro estabelecida fora do País. No terceiro trimestre deste ano, foram 20 operações desse tipo e, no primeiro semestre do ano, a KPMG contabilizou 17 transações. Em todo o ano passado, a KPMG registrou 66 compras de empresas estrangeiras por companhias brasileiras.

A escassez de recursos disponíveis é o principal motivo para que as companhias se tornem cada vez mais seletivas na hora de investir. A avaliação é do professor da Fundação Dom Cabral, Álvaro Cyrino, que coordenou a edição 2008 do Ranking das Transnacionais Brasileiras. O estudo, que consultou empresas brasileiras sobre perspectivas para esse tipo de transação, já antecipava a desaceleração das aquisições internacionais, apesar de a maioria dos questionários ter sido respondida em agosto e setembro, antes do agravamento da crise financeira.

Dos consultados pela pesquisa, 60% apostavam em pequena expansão dos investimentos no exterior nos próximos 12 meses, enquanto 13% disseram esperar pequena retração ou estagnação. Vinte e sete por cento dos entrevistados afirmaram esperar grande aumento dos aportes no exterior. "Haverá uma desaceleração dos investimentos de maneira geral, e entre eles estão os investimentos no exterior", diz. "Vivemos uma crise de liquidez. Há uma repatriação de recursos, que antes estavam disponíveis para investimento, para cobrir perdas em países desenvolvidos", acrescenta.

A dificuldade na precificação dos ativos é outro ponto destacado pelo especialista. "O problema é que ninguém sabe quanto uma empresa vale hoje. É difícil saber onde vai parar o valor de mercado das companhias", afirma. Segundo Cyrino, planos de aquisições que foram anunciados antes do agravamento da crise financeira, como a compra da mineradora Rio Tinto pela rival BHP, foram cancelados pela insegurança na precificação de ativos

Além disso, o especialista observa que a queda nos preços das matérias-primas (commodities) no mercado internacional, que até então impulsionou as aquisições no exterior ao tornar as empresas brasileiras mais capitalizadas, evidencia uma queda adicional na fonte de financiamentos. A valorização do dólar ante o real também passa a jogar contra a expansão das empresas brasileiras, pois torna os ativos no exterior mais caros na moeda local.

O protecionismo, que historicamente cresce em momentos de crise, também dificultará a expansão das companhias brasileiras para fora do País. "Serão criadas restrições tanto nos fluxos comerciais quanto nos fluxos de investimento", diz Cyrino.

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