A tormenta que sacode a Eurozona não repercutiu no setor automotivo, disse nesta quarta-feira, em entrevista à AFP, o presidente dos fabricantes de veículos Renault e Nissan, Carlos Ghosn, que se mostrou mais preocupado com o impacto da alta do iene na indústria japonesa.
"Por hora, não temos sentido um impacto significativo da crise financeira no mercado automotivo", disse o brasileiro Ghosn.
"Não digo que não haverá impacto, digo que não há um impacto que podemos identificar claramente sobre as vendas e pedidos. Contudo, é evidente que se essas incertezas continuarem, se antes do fim do ano não for encontrada uma solução para os problemas atuais, haverá um impacto sobre a economia real", disse.
Ghosn disse estar "bastante confiante" de que a Europa encontrará uma solução antes disso.
"Não me preocupo pela Nissan, porque o grupo sempre tem a possibilidade de migrar sua produção para outros países. Contudo, é mais difícil justificar projetos de novos carros no Japão com um dólar a 76 ienes, sendo que a média dos últimos 10 anos era de 110 ienes por dólar", disse.
"Se esta situação não mudar a tempo, vai custar muitos empregos ao Japão. Não falo só da Nissan, falo do conjunto da indústria, quanto a isso não há dúvida", afirmou.



