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A restrição ao crédito advinda da crise financeira global já está afetando a expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil, avaliou nesta terça-feira o presidente da Datagro, Plínio Nastari.

"A crise sem dúvida afeta, porque é uma indústria que é de capital intensivo, ela estava alavancada, e essa alavancagem advém de um ritmo de expansão na produção bastante rápida", declarou Nastari em seminário da Rio Oil & Gas, no Rio.

Segundo ele, a produção de açúcar e especialmente de álcool tem crescido fortemente nos últimos anos, o que exigiu pesados investimentos no setor.

"É um ritmo de expansão que requereu investimentos muito superiores à capacidade de geração de caixa", acrescentou.

Segundo ele, a crise de liquidez "está por trás da postergação da entrada de novos projetos" que estavam previstos já para esta safra 2008/09.

"Eram esperados 35 novos projetos nesta safra. Esse número já foi reduzido para 31, até o momento já entraram 20, e é incerto que esses outros 11 entrem em operação este ano", disse ele, acrescentando que dos 11 projetos restantes talvez apenas quatro ou cinco comecem a produzir em 08/09, temporada que caminha para os seus últimos meses.

O número de usinas que começaram a funcionar nesta safra no Brasil é superior ao da temporada passada, quando 20 novos projetos passaram a operar.

Nastari foi além, dizendo que algumas empresas, agora, também encontram "dificuldade de buscarem um alongamento do endividamento, que ainda é bastante concentrado no curto prazo".

Porém, o presidente da consultoria afirmou que o mercado de açúcar e álcool tem fundamentos sólidos e positivos, considerando a redução da oferta de açúcar no Brasil e na Índia, os dois maios produtores globais.

No caso do Brasil, mais de 50 por cento da cana colhida está sendo destinada à produção de álcool, e a Índia deverá produzir menos açúcar nas próximas temporadas, entre outros motivos porque os produtores estão cultivando mais grãos, com melhores preços do que a cana.

"Então, embora seja um pouco preocupante do ponto de vista de análise geral da indústria, ela já passou pelo ponto de inflexão para responder a esses fundamentos positivos", destacou.

ETANOL POR TRÁS DO CRESCIMENTO

O crescimento do setor sucroalcooleiro no Brasil estará calcado especialmente na produção de etanol, cujo consumo interno vai quase dobrar em sete anos, ao mesmo tempo em que as exportações mais do que triplicariam, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apresentados durante o seminário.

A produção de álcool combustível no centro-sul do país passará de 22,5 bilhões de litros em 2007/08 para 46,9 bilhões de litros em 2015/16, de acordo com projeção da Unica.

Já o consumo interno do biocombustível, impulsionado no crescimento da frota flexfuel, que deve equivaler à metade do total de veículos do país em 2012, passará de 18,9 bilhões de litros para 34,6 bilhões de litros naquele mesmo período.

As exportações saltariam de 3,6 bilhões de litros para 12,3 bilhões de litros.

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