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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira (2) que "alguns analistas" estão examinando a questão fiscal de "forma equivocada, com intenções espúrias, querendo elevar a taxa de juros quando isso não é necessário". Mantega se referia às críticas de que a política fiscal do governo estaria criando riscos inflacionários.

Em Istambul, Mantega afirmou que a política fiscal anticíclica adotada pelo governo no Brasil "foi muito bem-sucedida". "Conseguimos reativar a economia com essa política fiscal, que foi de baixo dispêndio", disse. "Reduzimos o superávit primário (economia do governo para o pagamento dos juros da dívida externa) muito menos do que outros países, e a redução não compromete nossa sustentabilidade fiscal."

O relatório de inflação do Banco Central, publicado na quinta-feira da semana passada, chamava a atenção para o aumento de gastos de custeio, especialmente para aquelas despesas dificilmente redutíveis. O texto menciona o problema da rigidez do orçamento. Isso contribuiu para alimentar discussão sobre o risco de pressões inflacionárias causadas pelo gasto público crescente.

Segundo relato do jornal Folha de S.Paulo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, teria dito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pode ser necessário elevar os juros antes do início do ano que vem.

"Nossa política fiscal não causa inflação nem no presente nem no futuro", disse Mantega, que está em Istambul para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Quem está falando de aumento de inflação está especulando para aumentar juros."

Na véspera, o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, convocou entrevista coletiva para atacar o que chamou de "terrorismo fiscal" que estaria sendo praticado por "alguns analistas" e pela "oposição" e afirmar que a política em curso não provoca riscos inflacionários. Ele foi instruído por Mantega a conceder a entrevista.

Perguntado sobre as críticas à política fiscal no relatório de inflação do BC, ele disse não ter interpretado as observações como críticas. "Eles não fazem crítica à política anticíclica", disse. E afirmou que, segundo a pesquisa Focus, as expectativas estão na meta de inflação para este ano e o próximo. Indagado sobre a referência do relatório do BC à rigidez do orçamento e aos gastos de custeio, Mantega afirmou não ter lido o relatório inteiro, mas só algumas partes.

Mantega afirmou que é legítimo retirar parte dos estímulos à economia. "Uma parte dos estímulos já está acabando, mas outra ainda não", ele disse, dando como exemplo a isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos. "Mas é por isso que a taxa de juros de longo prazo não pode subir, porque isso vai desestimular os investimentos de longo prazo", o que, na sua opinião, pode atrapalhar a recuperação da economia.

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