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Recentemente, dois membros do comitê decisório do banco expressaram desacordo público com a insistência de King em que a atual taxa de inflação na Grã-Bretanha esteja sendo impulsionada por fatores de impacto externos e as taxas de juros não deveriam ser aumentadas. Ele também foi acusado por outro membro do conselho, Adam Posen, de pôr em perigo a independência do banco ao comentar positivamente a estratégia de corte do déficit adotada pelo governo do Partido Conservador.

Desde que o Banco da Inglaterra se tornou independente do Tesouro, em 1997, seus presidentes são nomeados pelo governo, mas têm sido vistos como neutros em política, concentrando-se na estabilidade de preços – e sem mandato para tornar públicas suas opiniões sobre política fiscal. King, cujo segundo e último período à frente do BC britânico se encerra em 2013, parece ter contrariado esse entendimento com seu apoio ao plano do governo de coalizão, formado por conservadores e liberais-democratas, para reduzir o déficit mais rapidamente do que sugeria fazer o opositor Partido Trabalhista quando ainda estava no poder.

O temor, dizem alguns economistas, é de que esse endosso crie expectativas de que King estaria disposto a negligenciar momentaneamente o problema da inflação, a fim de dar tempo para que os cortes do governo surtam efeito. Para os defensores de King, no entanto, aqueles que divulgam tais receios não sabem o pesado fardo que é administrar o Banco da Inglaterra a partir de sua base, com jeito de palácio, em Threadneedle Street, no coração da City, como é conhecido o distrito financeiro de Londres. Na verdade, King tem muitos fãs a elogiá-lo pela força de suas convicções – por mais impopulares que elas possam ser.

No que se refere a ser muito próximo dos Tories (como são chamados os membros do Par­tido Conservador) na questão da redução do déficit, esses mesmos defensores apontam para telegramas vazados nos quais King colocava em dúvida a experiência do líder conservador, David Cameron, e de seu principal assessor econômico, George Osborne. "Ele é um rei, um monarca no sentido clássico, e está cumprindo seu dever de informar, analisar e advertir", opina Michael Fallon, um parlamentar conservador que, como membro do comitê do Tesouro, várias vezes já sabatinou King. "Nossas finanças públicas estavam em total desordem, mais do que as dos outros, e ele ajudou a moldar o debate", argumentou.

King também tem atraído um forte séquito – em grande parte fora dos círculos bancários britânicos – para sua campanha agressiva pela redução na alavancagem dos bancos. Ele defendeu seu argumento num discurso contundente, no fim do ano passado, em Nova York. Conforme assinalou na ocasião, os bancos da Grã-Bretanha representam riscos incomuns, porque têm ativos de 4,5 vezes o tamanho da economia britânica. Como rever isso é objeto de um inquérito independente, muito aguardado, sob o comando de John Vickers, ex-economista chefe do Banco da Inglaterra e diretor do Office of Fair Trading.

King vem tendo o cuidado de não prejudicar o resultado desse trabalho. Deixou claro, porém, que sua visão é de que mudanças radicais devem vir, ao afirmar em seu discurso que, dentre os sistemas que se pode usar para regular os bancos, "o pior é o que temos hoje".

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