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A CSN tem até sexta-feira para mudar os termos de sua oferta de aquisição da Cimpor. Analistas se mostram receosos em apostar numa eventual virada do jogo em favor do grupo siderúrgico, que busca ser um nome de peso na indústria de cimento global.

Após Votorantim e Camargo Corrêa terem garantido cerca de 40 por cento da cimenteira portuguesa, analistas consideram que o desempenho das ações da CSN dependerá do nível de resistência do investidor às idas e vindas da saga pela Cimpor.

Se a CSN decidir elevar o preço proposto pela Cimpor, a aposta é de queda imediata nas ações da siderúrgica diante da pressão que uma oferta maior acarretaria sobre os cofres da empresa brasileira.

A proposta da CSN é condicionada à aceitação de 50 por cento mais uma ação da Cimpor e expira no próximo dia 17. Pelas regras do mercado de capitais de Portugal, a CSN pode modificar os termos da oferta até o dia 12.

Por outro lado, para quem olha o longo prazo, o momento é de compra das ações da CSN, para embarcar em uma viagem que tem no roteiro grandes obras de construção civil no Brasil nos próximos anos e desejo manifestado pela CSN de transformar a Cimpor "numa das cinco maiores produtoras de cimento do mundo e na mais rentável".

Atualmente, a cimenteira portuguesa está entre os 10 maiores grupos de cimento no mundo.

As ações da CSN caíram 5,5 por cento no dia do anúncio de sua oferta pela Cimpor, diante de temores de investidores com o aumento da alavancagem da siderúrgica para financiar a aquisição.

Além do desembolso de 3,86 bilhões de euros pelo capital da Cimpor, considerando 100 por cento das ações ao preço de 5,75 euros por papel, a CSN assumiria uma dívida líquida do grupo português, que em setembro passado estava em 1,8 bilhão de euros.

"Caso a CSN consiga uma participação nos termos propostos é positivo para a empresa, uma vez que as rivais nacionais estão pagando um preço muito maior", afirmou o analista Leonardo Alves, da corretora Link, que mantém recomendação "outperform" --acima da média do mercado-- para as ações da siderúrgica.Depois que a oferta da CSN pela Cimpor veio a público, Camargo Corrêa e Votorantim entraram abertamente na disputa pelo grupo português.

No capítulo mais recente da batalha, a Camargo Corrêa garantiu na quarta-feira 22 por cento da Cimpor que pertenciam à portuguesa Teixeira Duarte, com desembolso de cerca de 1 bilhão de euros, ou 6,50 euros por ação.

Antes disso, na semana passada, a Votorantim acertou a compra de 17,3 por cento da Cimpor nas mãos da francesa Lafarge, em um negócio de troca de ativos. A Votorantim também fechou acordo de acionistas com a Caixa Geral de Depósitos, dona de outros 9,6 por cento da cimenteira portuguesa.

O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, está em Lisboa buscando angariar apoio entre acionistas da cimenteira portuguesa que ainda não tomaram partido.

"A única forma de Steinbruch conseguir apoio até a oferta expirar é melhorar o preço em ao menos uns 15 por cento", afirmou o analista Pedro Galdi, da corretora SLW. Isso implicaria em 6,61 euros por ação da Cimpor.

"Alternativas para isso ele tem. Empréstimo-ponte é uma delas. Mas se aumentar a proposta, assustará o investidor num primeiro momento, porque a CSN vai ficar muito alavancada e agências de risco vão reduzir o rating da empresa", acrescentou.

Segundo Galdi, porém, em dois ou três anos a geração de caixa de CSN e Cimpor ajudaria a reduzir o endividamento do grupo, que poderia ainda levantar recursos adicionais com eventuais ofertas de ações de outras unidades de negócio, como a de mineração.

Nesta quinta-feira, as ações da CSN terminaram o pregão na bolsa paulista em alta de 2,84 por cento, a 58 reais. Na bolsa de Lisboa, os papéis da Cimpor recuaram 0,74 por cento, para 5,50 euros, abaixo, portanto, do valor oferecido pela CSN.

Tentativa no Cade

Enquanto trabalha para convencer acionistas da Cimpor, a CSN recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra os acertos feitos por Votorantim e Camargo Corrêa com os acionistas da Cimpor.

A empresa fez pedidos no órgão antitruste de medidas cautelares para congelar os efeitos no país dos acordos das rivais com os acionistas da Cimpor.

O Cade não ter um prazo específico para avaliar a questão, mas uma decisão pode sair antes de a oferta da CSN aos acionistas da Cimpor expirar, avalia o advogado Juliano Maranhão, do escritório Sampaio Ferraz, que representa a CSN.

"É possível que a gente tenha uma definição no Cade antes da data... Votorantim e Camargo Corrêa criaram bastante dificuldade para a pretensão da CSN na Oferta Pública de Aquisição da Cimpor", reconheceu o advogado.

Procurada, a Votorantim não quis comentar o assunto. Representantes da Camargo Corrêa não estavam imediatamente disponíveis para falar sobre o pedido de medida cautelar feito pela CSN ao Cade.

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