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Crise europeia

Cúpula tem de avançar e trazer tranquilidade

O fortalecimento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e a contribuição dos bancos no resgate grego são alguns dos pontos polêmicos

Primeiro-ministro grego Evangelos Venizelos: UE decidirá futuro de seu país | Geordes Gobet/AFP
Primeiro-ministro grego Evangelos Venizelos: UE decidirá futuro de seu país (Foto: Geordes Gobet/AFP)

A reunião entre os líderes da União Europeia, marcada inicialmente para hoje, mas adiada para quarta-feira, está rodeada de expectativas para a resolução da crise nos países do continente. Considerado decisivo, especialistas acreditam que várias questões do encontro saíram sem solução. Os pontos-chave são a recapitalização do setor bancário, o fortalecimento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e a definição da fatia da contribuição dos bancos no resgate grego – este é um dos temas que mais divide Alemanha e França, principais economias europeias.

"A Alemanha quer que credores internacionais aceitem a redução de 50% da dívida, mas a França não quer, porque muitos dos credores da Grécia são bancos franceses. Esse é o impasse", ex­­plica o economista Fábio Tadeu Araújo, consultor da Brain Consultoria e professor da Pon­­tifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Oferecer mais capital aos bancos seria uma alternativa a um possível calote grego. Se o perdão for tão grande como o pretendido, os bancos terão de assumir parte do endividamento da Grécia e seria necessário injetar mais dinheiro nos bancos, principalmente nos que acumulam bônus gregos, para evitar um colapso financeiro.

O FEEF tem atualmente uma capacidade de empréstimo de 440 bilhões de euros, que pode ser turbinada para a casa de um ou dois trilhões de euros nesta reunião. Esse aumento poderia dar garantias de resgate a outros países do bloco, como Itália e França, também fragilizados.

"É um período de vacas magras, é difícil chegar a consenso sobre quem deve dar mais dinheiro ao fundo. O que é preciso é discutir questões emergenciais, como a situação da Grécia, que é mais grave. É necessário estabelecer condições de tranquilidade para a população do país", pontua Rodolfo Coelho Prates, doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Positivo.

A professora do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV) Virene Roxo Matesco compara os problemas a serem enfrentados na reunião da UE com as relações familiares. "É como aquele parente endividado que precisa de socorro: você está sempre salvando ele, mas é difícil sentar para discutir mudanças de comportamento, para que ele saia das dívidas. É isso que precisa ocorrer na Europa, com mais regulamentação do setor financeiro, para que se evite chegar a este ponto outras vezes", analisa.

Outra questão, que corre por fora, é o aumento do poder do Banco Central Europeu para que ele compre dívidas de países com dificuldades de solvência, o que é rechaçado pelos alemães. Araújo arrisca um palpite sobre a reunião. "O acordo para aumentar o dinheiro disponível para os bancos deve acontecer e a elevação do fundo também deve passar. O aumento para o BCE também deve acontecer. Já a solução para a Grécia, não tenho convicção", pondera. A ideia é fechar a reunião da UE com uma "resposta contundente" ao encontro do G20, que ocorrerá nos dias 3 e 4 de novembro, na França.

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